domingo, 27 de julho de 2008

A República dos cínicos


Ao desembarcar no Brasil, preso pela Polícia Federal, depois da extradição do Principado de Mônaco, o ex-banqueiro Salvatore Cacciola foi logo despejando elogios ao Poder Judiciário. “Eu confio na Justiça brasileira”. Seus advogados já tinham dado entrada com pedido de habeas-corpus no Supremo Tribunal Federal para que ele responda em liberdade às acusações pelas quais foi condenado a 13 anos de prisão.

Enquanto de um lado transcorrem as manobras para soltar Cacciola, transformando todo o processo judicial em um imenso achincalhe ao povo brasileiro, o senador Heráclito Fortes (DEM-PI) recebe autorização do presidente do STF, ministro Gilmar Mendes, aquele que mandou libertar o banqueiro Daniel Dantas, o mega investidor Naji Nahas e o ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta, para ter acesso aos autos. Fortes só teria esse direito se fosse investigado formalmente, o que não ocorre, dizem os especialistas. E aí entram as dúvidas.

Os delegados e promotores basearam o inquérito de Dantas de modo a não atingir ninguém com fórum privilegiado, para que o inquérito permaneça no âmbito da Justiça paulista. E afastou Heráclito Fortes por ser congressista e, portanto, ter direito a julgamento no STF. Curiosamente, a iniciativa de perguntar ao ministro Gilmar Mendes se ele poderia ter acesso aos autos foi do próprio senador. Ele teve imediatamente, beneficiando, assim, os demais acusados.
E la nave vá.

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