sexta-feira, 11 de julho de 2008

Ex-refém afirma Ingrid: "Mentirosa"


O Brasil deve ter maior aproximação política e militar com a Colômbia, segundo a ex-refém das Farc, Clara Rojas, que critica Ingrid Betancourt. A proposta é justificada pelo desgaste de Hugo Chaves, da Venezuela, ao negociar com a guerrilha.

A ex-refém colombiana Clara Rojas, seqüestrada em 2002 junto com Ingrid Betancourt, censurou a companheira política por contar "histórias falsas" do cativeiro e, num tom crítico, convidou o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, a se envolver mais na busca da paz na Colômbia diante do desgaste do mandatário venezuelano Hugo Chávez.

– É preciso buscar meios de comunicação alternativos com a guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) – indicou Clara, libertada há cinco meses por mediação do presidente venezuelano, ao qual se diz "muito agradecida". – Chávez está desgastado, o presidente equatoriano, Rafael Correa, também. Só resta Lula.

Segundo a ex-refém, o Brasil poderia adotar medidas mais efetivas no conflito, com uma maior aproximação militar e política. "Militar pelas fronteiras, e política para que seja um facilitador", descreveu:

– As Farc estão debilitadas e precisam de um pouco de ar, só o suficiente para que tomem decisões absurdas e façam algo que acabe mal.

Resgate

Há uma semana, o Exército colombiano resgatou 15 reféns do grupo rebelde, entre eles a franco-colombiana Ingrid Betancourt. Clara lamentou as "histórias falsas" contadas por Ingrid – de quem já foi assessora política – referindo-se a declarações em que a ex-candidata à Presidência afirmou ter salvo Emmanuel, filho de Clara nascido em cativeiro.

Em referência a Ingrid e ao ex-senador Luis Eladio Pérez, libertado em janeiro passado, Clara assegurou, em entrevista à RCN, que "eles deviam ter sido solidários, e não foram".

– O que passou, passou, e o que eles estão dizendo é totalmente falso. Dói na minha alma, porque não tenho nada contra eles – criticou.

Clara mencionou também uma reportagem em que o ex-senador Pérez disse que tinha lavado fraldas de Emmanuel. Ela ainda falou sobre uma declaração de Ingrid a um canal de televisão de Paris de que teria salvado a vida a Emmanuel.

– Não sei de onde eles tiram isso, mas Ingrid é boa de teatro – acusou, parecendo desconfortável.

A ex-assessora explicou que "o nível de proximidade tanto de Pérez quanto de Ingrid com Emmanuel era zero" e acrescentou:

– Eles estavam na zona de fumantes e eu, na de não fumantes. Não tínhamos nada a ver.

A realidade, afirmou, "é que desde o momento em que soube que estava grávida até o momento do nascimento, eles estiveram muito afastados", e continuaram assim até quando os três foram separados.

– Tento ser muito cuidadosa com o que falo do seqüestro – disse Clara, que ainda afirmou que deseja "viver tranqüila".

Ingrid e Clara foram seqüestradas em 23 de fevereiro de 2002 no departamento de Caquetá, sul da Colômbia. Clara Rojas foi libertada pelas Farc no dia 10 de janeiro e, desde então, vive em Bogotá com a mãe e com o filho, enquanto Ingrid, resgatada em uma operação do Exército no dia 2 de julho, viajou com a família dois dias depois para Paris.

Ingrid disse ontem que não descarta concorrer à Presidência da Colômbia, mas garantiu que isto não é uma "prioridade" no momento, durante entrevista ao apresentador da TV americana Larry King. Pérez chegou a Miami, onde vai morar depois de deixar seu país por causa de ameaças de morte.

Ontem, o presidente do Equador, Rafael Correa, lamentou que Ingrid tenha justificado a operação do Exército colombiano contra um acampamento das Farc em território equatoriano no dia 1º de março.

– Sentimos uma dor profunda com as palavras de Ingrid.

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