segunda-feira, 14 de julho de 2008

Câmera de segurança flagrou esvaziamento da Brasil Telecom


Antes de deixar a gestão da Brasil Telecom, os administradores ligados ao banqueiro Daniel Dantas destruíram provas e fizeram uma "operação desmonte" para ocultar irregularidades no comando da operadora de telefonia, de acordo com representação feita pela nova diretoria da BrT à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Em 30 de setembro de 2005, enquanto uma assembléia geral extraordinária de acionistas destituía os gestores do Opportunity, funcionários transportaram "diversas caixas e sacolas com documentos" da sede social da empresa, em Brasília, e do escritório no Rio de Janeiro.

"Note-se que, em ambos os casos, não foram efetuados quaisquer procedimentos de controle de saída dessas caixas junto à área de segurança, uma prática de transparência que seria de se esperar em uma empresa como a Brasil Telecom, concessionária de serviço público de telefonia", informa o documento encaminhado à CVM. A comissão ainda avalia as denúncias, que não podem ser retiradas, mesmo com o acordo fechado entre fundos e Dantas para a compra da Brasil Telecom pela Oi.

Segundo a representação, feita com base em auditoria contratada pelos novos administradores da BrT, indicados pelos fundos de pensão e pelo Citigroup, essas informações foram obtidas por meio de gravações em vídeo e de depoimentos de funcionários. Conforme o depoimento do chefe do departamento de segurança da BrT, "a antiga administração determinou que fossem desligadas todas as câmeras do sistema de segurança do andar onde se localizava a presidência e a diretoria". "Porém, a câmera que se situa em frente ao elevador do 2º andar (da presidência e da diretoria) não foi desligada e filmou a saída de pessoas da companhia na calada da noite, carregando caixas. Os conteúdos dessas caixas, obviamente, nunca conheceremos", explica a representação encaminhada à CVM.

O depoimento de um funcionário ouvido na auditoria "não deixa qualquer dúvida" sobre a conduta dos antigos administradores. "O próprio funcionário revela ter guardado caixas suprimidas da companhia, por ordem de Isídio Santos Fulho (antigo diretor de materiais e serviços), em sua casa por uma semana, ao final da qual foram levadas ao almoxarifado da companhia e, posteriormente, entregues à presidência da BrT."

A representação à CVM apontou vários indícios de irregularidades, como contratos suspeitos com as agências de publicidade de Marcos Valério, considerado o operador do "mensalão", e o uso do caixa da BrT para pagar aluguéis do Opportunity e salários de auxiliares de Dantas. A representação informa ainda que os antigos gestores tomaram várias atitudes nos seis meses que antecederam sua saída para "encobrir os diversos atos ilícitos praticados": rescisão dos contrato de locação de imóvel em São Paulo usado pelo Opportunity, devolução de aeronaves pagas com recursos da BrT para uso pessoal e demissão de assessores de Dantas que faziam parte da folha de pagamento. A representação acusa o Opportunity de beneficiar-se, "tanto quanto possível, dos recursos e patrimônio da companhia". E pede punição de "exemplar".


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