quarta-feira, 29 de novembro de 2006

Enem classifica maior parte de candidatos ao ProUni


O Programa Universidade para Todos (ProUni), que dá bolsas a alunos carentes em instituições de ensino superior particulares, tem contribuído para acabar com vestibulares para boa parte dos estudantes do País. Levantamento do Ministério da Educação (MEC) mostra que quase 70% das faculdades e universidades que aderiram ao ProUni não selecionam os alunos que receberão o benefício. A classificação é feita apenas pelo MEC, por meio da nota dos candidatos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

Em 2007, serão oferecidas 108.025 bolsas em todo País. Há vagas em 1.424 universidades, faculdades e centros universitários, o que representa 65% do total de instituições de ensino superior privado do País. Segundo as regras do programa, elas poderiam optar por realizar ou não seleções próprias para essas bolsas. Mas, atualmente, só 472 delas fazem isso; 33%. Em 2005, no primeiro ano do ProUni, 63% das instituições submetiam esses alunos a vestibulares. “É uma prova de que elas têm confiança na nossa seleção e de que o bolsista é um bom aluno”, diz responsável pelo programa no MEC, Celso Carneiro Ribeiro.


As inscrições para o ProUni começam hoje. Para participar, o candidato precisa ter nota mínima 45 (em 100) no Enem. Ela é uma média aritmética do desempenho do estudando na prova de conhecimento gerais e na redação. Os alunos podem se inscrever em até cinco opções de cursos. Os que tiveram as melhores notas conseguem as vagas, que são limitadas nas instituições. É o próprio MEC que faz a seleção das melhores notas e as envia para a universidade que disponibilizou a vaga.


“É um processo isento, não há favoritismo”, diz a pró-reitora da Universidade São Judas, Lilian Brando Mesquita, justificando o fato de a instituição não submeter os candidatos do ProUni a um vestibular interno. “Eles já estão avaliados”, completa.


Segundo o presidente do Sindicato das Entidades Mantenedoras dos Estabelecimentos de Ensino Superior do Estado de São Paulo (Semesp), Hermes Figueiredo, o vestibular para o ProUni causava constrangimento. “Se o aluno não passasse, era difícil dizer que ele não receberia a bolsa, mesmo o MEC dizendo que ele tinha nota suficiente para isso”, explica ele, que é também mantenedor da Universidade Cruzeiro do Sul (Unicsul). A instituição chegou a aplicar testes a esses alunos em 2005, mas hoje usa apenas a nota do Enem.


Figueiredo, no entanto, acrescenta que acredita que o exame do governo é mais criterioso que os vestibulares de algumas instituições privadas. “Portanto, seriam poucos os que não passariam no processo seletivo interno. Acaba não valendo a pena realizá-lo.”


“O ideal seria até que todos os alunos fossem selecionados apenas pelo Enem”, diz o gerente de Marketing da Universidade Mogi das Cruzes (UMC), Carlos Elias do Prado. A instituição também não faz seleção interna para bolsistas do ProUni. Segundo ele, só não é possível usar o Enem para todos os alunos porque o MEC só libera as notas do exame no fim do ano e a UMC começa a selecionar alunos em outubro.


Desde que o Enem foi criado, em 1998, pelo governo Fernando Henrique Cardoso, a idéia era de que ele substituísse um dia os vestibulares. Hoje, exames de muitas instituições, como o da Fuvest, incluem a nota da prova. O Enem é o maior exame realizado no País e a última edição, em agosto, teve quase 3 milhões de participantes. Ele não é obrigatório e pode ser feito tanto por quem terminou naquele ano o ensino médio quanto pelos jovens que acabaram a escola em anos anteriores. São 63 questões interdisciplinares, com foco em habilidades e competências.


O ProUni foi criado em 2005, quando chegaram a sobrar vagas para bolsas. Atualmente, faltam. No início de 2006 foram 797.840 inscritos, aumento de 130%. As instituições recebem isenções fiscais do governo em troca da bolsa. Os candidatos precisam ter renda familiar per capita de até um salário mínimo e meio (R$ 525) para pedir bolsas integrais e, no máximo, três salários (R$ 1.050) para parcial.

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