quinta-feira, 9 de novembro de 2006

PT faz aliança com tucanos na Bahia


Menos de uma semana depois de ter sido derrotado pelo PT, que conseguiu reeleger o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o PSDB aderiu aos petistas. Os dois maiores rivais na política brasileira fecharam um acordo político e vão administrar juntos a Bahia. A aliança foi formalizada na semana passada pelo governador eleito do Estado, Jaques Wagner, e o líder da bancada tucana na Câmara, Jutahy Magalhães Jr., presidente do PSDB baiano e membro do diretório nacional do partido.

“Nós vamos participar do governo Wagner, mas ainda não definimos em que secretarias e com quantas pessoas”, confirmou, ontem, Jutahy. O tucano já tinha apoiado informalmente a candidatura petista pelo governo da Bahia porque se recusou a fazer campanha, e até mesmo votar, no governador Paulo Souto, do PFL, afilhado político do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), adversário histórico de Jutahy. Desde que a direção nacional do PSDB determinou que os tucanos baianos teriam que aderir ao PFL na Bahia em conseqüência da aliança nacional, o líder da bancada ficou em uma situação incômoda.

O nome desejado pelos petistas para ser secretário de uma pasta da área de infra-estrutura é o do ex-prefeito de Salvador Antônio Imbassahy. Depois de deixar o executivo municipal, ele rompeu com o senador ACM e terminou filiando-se ao PSDB. O ex-carlista concorreu ao Senado, mas foi derrotado pelo ex-governador João Durval Carneiro, do PDT, que desconsiderou a verticalização partidária e apoiou a reeleição do presidente Lula, mesmo com o seu partido tendo candidato próprio à Presidência.

Coligação
Com Imbassahy no governo Wagner, os tucanos baianos terão outro dilema: não apresentar candidato próprio à prefeitura de Salvador no pleito de 2008 ou repetir a aliança com o PT e PDT do atual prefeito João Henrique. Depois de conseguir um acordo eleitoral com nove partidos, Wagner ampliou para 11 o leque de partidos que o apóiam. A frente partidária de agora é a mesma costurada para administrar a prefeitura de Salvador e mais ampla que a conseguida em 1986, quando o atual ministro da Defesa, Waldir Pires, foi eleito governador. Na época, Jutahy Magalhães Jr. foi secretário de Justiça.

O casamento de petistas com tucanos não tem a aprovação da cúpula do PSDB. A campanha eleitoral deixou muitas feridas entre os principais líderes dos dois partidos, que trocaram denúncias graves e acusações mútuas de corrupção e desmandos administrativos. Um dos mais ferrenhos adversários dos petistas no Congresso Nacional é o senador Arthur Virgílio (PSDB-AM), líder da oposição. No ano passado, ele chegou a discursar no Senado dizendo que estava com vontade de “dar uma surra” no presidente Lula.

A adesão de Jutahy ao governo Wagner já provocou constrangimentos entre os tucanos. Na Bahia o deputado João Almeida é contra a aliança e não vai participar do governo. Em São Paulo, por exemplo, onde a rivalidade entre os dois partidos é maior, este tipo de acordo político é impensável. Foi lá que PSDB e PT se enfrentaram a ponto de petistas serem presos em um hotel de São Paulo com o equivalente a R$ 1,7 milhão que seriam utilizados para comprar documentos dos empresários Darci e Luiz Antônio Vedoin, donos do grupo Planam, e apontados pela Polícia federal como chefes da máfia das ambulâncias.

Os documentos, que formavam o dossiê Vedoin, seriam utilizados para denunciar o candidato do PSDB ao governo de São Paulo e ex-ministro da Saúde José Serra, que derrotou em primeiro turno o senador do PT Aloizio Mercadante. O caso está sendo investigado pela PF e em uma CPI do Congresso onde petistas e tucanos travam uma luta de morte. Com a adesão na Bahia, a rivalidade entre PSDB e PT no Congresso Nacional perde força.

Partido faz avaliação

O PT faz hoje na Câmara uma reunião conjunta com os atuais deputados e os novos parlamentares eleitos. O objetivo é avaliar a conjuntura política atual, pós-reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e estabelecer critérios para a campanha interna pela eleição do novo líder da bancada, em fevereiro.

O presidente do PT, Marco Aurélio Garcia, que coordenou a campanha eleitoral petista, e o líder Henrique Fontana (RS) farão pronunciamentos sobre a atual negociação para a ocupação dos cargos no segundo mandato. Comporão a nova bancada petistas que estiveram no olho do furacão das crises políticas do governo — o ex-ministro Antônio Palocci, o ex-presidente do partido José Genoino e o ex-líder Paulo Rocha. (LR)

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