Sem dar bola para a alta das taxas de juros, as concessões de empréstimos para a compra de veículos seguem em ritmo acelerado. Somadas as operações de crédito direto ao consumo (CDC) e leasing, o saldo atingiu R$ 130 bilhões, em junho, crescimento de 43,7% em 12 meses, segundo dados do Banco Central.
Otimista, a Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (Anef) revisou recentemente para cima a perspectiva de avanço da carteira para 2008, seguindo a elevação feita pela Anfavea para a venda de automóveis novos. Se antes a Anef esperava avanço de 15% a 20%, hoje já admite que o saldo pode encerrar o ano em R$ 140 bilhões (CDC mais leasing), taxa de 25%.
"Se for levar em conta apenas a oferta do crédito, eu diria que a velocidade se manterá até o fim do ano, com uma taxa anualizada entre 25% e 30%", avalia Luiz Montenegro, presidente da Anef. Para o próximo ano, ele acredita na volta da previsibilidade. "O crédito tende a se estabilizar e apresentar crescimentos menores, com patamares comparáveis a que veremos no ultimo trimestre de 2008."
O mercado se mantém num ciclo vigoroso de crescimento há pelo menos quatro anos. Levantamento da Austin Rating aponta que entre 2004 e 2007 a carteira de crédito de veículos cresceu aproximadamente 102%. "Pode-se considerar que os últimos anos foram os anos dourados do setor automobilístico, impulsionado pelo crédito e pela melhora da renda", afirma Erivelto Rodrigues, presidente da consultoria.
O forte desempenho do setor transformou a modalidade na vedete do mercado de crédito e já responde por quase um terço dos recursos para pessoas físicas. Além dos grandes bancos, que detêm 76% do mercado (Bradesco, Itaú, Real e BV Financeira), houve também a entrada de novas instituições na disputa.
O Banco do Brasil fechou parceria com a gigante sul-africana FirstRand e pretende abocanhar 20% do mercado em oito anos. Além disso, tradicionais players do segmento de "middle market", como Daycoval e Sofisa, deram início a suas atividades em veículos, além de mais um banco de montadora, ligado à Scania, preparar sua entrada no Brasil.
Em nota, a Scania "confirma sua intenção de constituir uma instituição financeira própria, permanecendo no aguardo da conclusão do processo de aprovação junto ao Banco Central do Brasil, não podendo emitir mais comentários sobre o assunto neste momento".