Em meio a polêmicas sobre a Lei de Anistia, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, criticou ontem a importância dada pela imprensa a militantes que lançaram mão da luta armada para combater a ditadura. "Dá-se muito destaque na imprensa a quem pegou em armas para defender a democracia. É preciso homenagear o homem do direito, aquele que defendeu o processo democrático pela via democrática. Assim foi com Moreira Alves", declarou Gilmar, em discurso em homenagem ao ministro aposentado do STF, durante o Fórum Brasileiro de Direito Constitucional, em Brasília.
No mesmo discurso, Gilmar diminuiu a expectativa dos ouvintes ao anunciar que não se alongaria no assunto.A polêmica sobre o tema voltou recentemente quando o ministro da Justiça, Tarso Genro, defendeu a revisão da Lei da Anistia para que militares que torturaram durante a ditadura pudessem ser punidos. A declaração provocou diversas reações, a mais contundente vinda dos próprios militares, que se reuniram no Clube Militar, no Rio, e emitiram carta de repúdio, classificando a discussão de "extemporânea, imoral e fora do propósito".
Com a tensão entre integrantes do governo e militares, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva entrou em ação e encerrou o debate público sobre o tema, dizendo tratar-se de prerrogativa do Judiciário.Vannuchi quer discussão da Lei de Anistia sem espírito de vingança. Sobre a Lei da Anistia, o ministro disse que a democracia brasileira comporta avaliar e punir quem torturou durante a ditadura e voltou a negar que tenha defendido a revisão da lei.
Ainda sobre esse tema, Vannuchi fez questão de isentar os militares de culpa. "Não há nada de revanchismo. É injusto que as Forças Armadas continuem carregando nos ombros a acusação de que são as responsáveis. Mesmo sob a acusação de que houve um sistema de repressão política. O regime já foi julgado nas urnas".