sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Emissário complicou Dantas, diz procurador


O procurador da República Rodrigo de Grandis afirmou ontem que Hugo Chicaroni, emissário do banqueiro Daniel Dantas em uma suposta tentativa de suborno de um delegado da Polícia Federal, confirmou à Justiça que dispunha de R$ 865 mil do Banco Opportunity em troca do engavetamento do inquérito que deu origem à Operação Satiagraha. Segundo o procurador, Dantas, que também compareceu à 6ª Vara Criminal Federal, em São Paulo, limitou-se a permanecer calado diante do juiz Fausto Martin De Sanctis, seguindo orientação de seus advogados. “Ele perdeu uma grande chance de dar sua versão dos fatos.”

Os advogados de Chicaroni, Alberto Carlos Dias e Maria Fernanda Muniz, afirmaram que o delegado Protógenes Queiroz, chefe da Satiagraha, tem relações de amizade com Chicaroni. Segundo a defesa, o próprio Protógenes e o delegado Vitor Hugo Rodrigues Alves pediram o dinheiro a Chicaroni. Para Maria Fernanda, seu cliente foi vítima de uma “cilada” da PF. “Ele (Protógenes) se aproveitou de uma relação de amizade para preparar uma cilada para os três”, disse, referindo-se a Dantas, Chicaroni e Humberto Braz, outro aliado do banqueiro. Protógenes não foi localizado para comentar as declarações.

O advogado de Daniel Dantas, Nélio Machado, não comentou o depoimento de Chicaroni. Disse, no entanto, que orientou o banqueiro a permanecer em silêncio porque, de acordo com ele, há muitas imperfeições no processo. “A verdade está aparecendo e ela é muito diferente do que foi contado pela autoridade policial”, comentou, referindo-se a Protógenes.

Em Brasília, o presidente da CPI dos Grampos, deputado Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), reagiu irritado à informação de que recebeu doação de R$ 10 mil durante campanha eleitoral de 2006 do executivo Dório Ferman, que aparece nos registros oficiais como dono do banco Opportunity. “Se eu recebi doação e estou investigando (Dantas), está demonstrada a minha isenção. O dinheiro para campanha não estabelece relação de amizade com quem fez a doação.”

Fernan foi indiciado por Protógenes sob acusação de gestão fraudulenta. Itagiba disse que a doação ocorreu há dois anos, quando o executivo não era investigado pela PF. “Até então, não havia qualquer procedimento sobre essa pessoa.”

O deputado afirmou que Ferman faz parte da comunidade judaica do Rio, que o apoiou na campanha. Daí, segundo Itagiba, a razão da doação. “Não recebi doação de aliados do senhor Dantas, mas uma colaboração de R$ 10 mil do senhor Dório

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