A proposta de regulamentação do lobby e das empresas que o exploram é bem recebida pela categoria. Avaliam que poderá mexer no mercado e combater os agentes de pressão que trabalham por vias tortas e transformam o lobby em tráfico de influência. Pelos cálculos de lideranças partidárias, pelo menos 140 representantes de grupos de pressão estão presentes hoje no Congresso e no Executivo.
Os escritórios se dividem em duas categorias: a que representa e a que apenas traduz o complicado funcionamento das engrenagens brasilienses aos clientes, munindo-os com informações, o que no jargão deles, seria o lobby às claras.
A tarefa é monitorar os passos das autoridades de Brasília e, especialmente, as articulações nas comissões e nos plenários da Câmara e do Senado. Alguns escritórios, inclusive, criam sua própria sistemática para se diferenciar da concorrência. A Patri Relações Governamentais, sediada em escritório de 800 metros quadrados no centro de Brasília, prefere se antencipar aos pedidos de clientes e trabalha com uma espécie de banco de dados. Mantém dezenas de funcionários no Congresso e no Executivo captando informações e produzindo relatórios.
A dinâmica garantiu à Patri uma carteira de 35 clientes, entre empresas nacionais e estrangeiras, que desembolsam mensalmente R$ 25 mil. Levam em troca material suficiente para defender seus interesses diante de qualquer agente público.
É o que sustenta o diretor de Relações Governamentais da Patri, Eduardo Ricardo. "Nosso trabalho é buscar a informação para o nosso cliente se representar e defender pontos de vista ou interesses dentro da complicada máquina pública", explica Ricardo.
Quanto à regulamentação, o lobista acredita que os projetos que repousam no Congresso são interessantes, mas o essencial seria a criação de um mandado de representação. "Sou a favor de uma lei regulamentando a profissão. É importante saber quem está defendendo os interesses de quem", defende.