quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Emprego e renda em alta afastam risco do crédito, dizem economistas


Crédito em alta, risco à vista? Essa pergunta tem movido debates econômicos, principalmente depois que a cifra de financiamentos superou R$1 trilhão. Ontem, o ex-presidente do Banco Central Arminio Fraga, em entrevista ao jornal "Valor Econômico", mostrou sua preocupação, temendo uma bolha de crédito no Brasil que, ao estourar, abortaria o crescimento. No debate, no entanto, a visão de que a situação está sob controle prevalece. Não são necessárias medidas diretas para conter o avanço do crédito. O aperto da política monetária, com a alta de juros que vem desde abril para manter a inflação dentro da meta, vai conter o crédito.

A preocupação só teria espaço, na opinião do diretor da Nossa Caixa, Joaquim Eloi Cirne de Toledo, se emprego e salário estivessem caindo, o que poderia levar ao aumento da inadimplência.

- São dois milhões de empregos criados por ano, e a maioria com carteira assinada, não há sinais de que a situação vá se complicar no futuro.

Para que isso aconteça, terá que haver reversão forte na situação econômica do país, com choques externos que façam o dólar explodir e a inflação acelerar rapidamente:

- Nada indica isso no momento.

E a carteira assinada, na observação do professor da PUC Luiz Roberto Cunha faz o trabalhador ter acesso a crédito mais barato. Melhorando, assim, a qualidade dos financiamentos.

- Mas houve migração do crédito direto para o leasing na compra de automóveis, o que mascara um pouco a desaceleração desse indicador.

Alexandre Schwartsman, economista-chefe do Santander e ex-diretor do Banco Central, também não vê riscos na expansão do crédito, que, na sua opinião, veio em conseqüência da redução dos juros que durou dois anos (2005 a 2007).

- No último ciclo de aperto monetário (de 2004 a 2005) foi acompanhado do empréstimo consignado, o que manteve o crédito em alta. Mas o consignado foi lá atrás, e a concessão de empréstimos deve responder ao aperto monetário.

Segundo Schwartsman, não há sinais de deterioração na qualidade do crédito. Repetindo Cirne de Toledo, o desemprego em queda e o salário em alta afastariam esse temor:

- É lógico que é preciso olhar sistematicamente o setor. Mas não é possível comparar a situação do Brasil com a dos Estados Unidos. O crédito imobiliário está crescendo, mas, diante das medidas regulatórias de 2004, não são subprime, são o prime do prime. Mesmo assim, se o financiamento habitacional dobrar vai representar só 2% do PIB (Produto Interno Bruto, conjunto dos bens e serviços produzidos no país).

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