segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Internet é ferramenta de campanha


A internet é a nova ferramenta que publicitários das campanhas das principais capitais do país adotaram para aumentar a repercussão da propaganda eleitoral na TV, que começou esta semana e se prolonga até 2 de outubro. Os recursos de interação e multimídia na web tornaram-se uma boa alternativa para uma maior divulgação do candidato — sinal de que a rede assume cada vez mais um papel importante na corrida eleitoral.

“A vantagem da internet é poder buscar informação sobre o assunto quando quiser e puder”, acredita Pascoal Gomes, um dos responsáveis pela publicidade de ACM Neto (DEM), candidato à prefeitura de Salvador. O site do candidato destaca não só sua biografia e atuação na Câmara dos deputados como também oferece espaço para o internauta participar de enquetes, assistir vídeos e ouvir entrevistas do democrata. Dois perfis de ACM Neto no site de relacionamentos Orkut e vídeos no YouTube reforçam a presença do político na rede.

No fim do mês passado, a Justiça Eleitoral do Rio Grande do Sul voltou atrás e eximiu a candidata à Prefeitura de Porto Alegre Manuela D’Ávila (PCdoB) de retirar do ar comunidades do Orkut e vídeos do YouTube sobre sua campanha. O juiz Ricardo Torres Hermann, do Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul, aceitou o argumento da candidata, que afirma não poder deletar as páginas, já que não foi a responsável pela postagem do conteúdo.

Aos 27 anos, a candidata utiliza a internet como ferramenta para dialogar com o público jovem. O responsável pela publicidade da candidata, Carlos Eduardo Gumes Andrade, conta que o meio já era usado nos tempos de liderança estudantil de Manuela. Por outro lado, a candidata é alvo de críticas e acusações em sites como o próprio YouTube e em comunidades do Orkut.

Grande parte dos candidatos às prefeituras das grandes capitais do país coloca na web os vídeos e programas de rádio veiculados durante o horário eleitoral gratuito. Esse é o caso dos candidatos à prefeitura de Belo Horizonte Márcio Lacerda (PSB) e Jô Moraes (PCdoB). Lacerda (PSB), por exemplo, exibe vídeos com políticos que apóiam sua candidatura, como o atual prefeito da capital mineira, Fernando Pimentel, e o governador do estado, Aécio Neves. O candidato à prefeitura do Rio de Janeiro Eduardo Paes (PMDB) chegou a promover um chat com os eleitores assim que sua campanha foi exibida.

Legislação
Apesar de muitos candidatos já estarem utilizando a Internet, há um consenso entre os publicitários de que a legislação brasileira limita e muito o uso da internet em campanhas políticas. O publicitário Paulo de Tarso, responsável pela campanha de Jandira Feghali (PCdoB) à prefeitura do Rio de Janeiro qualifica a atual regulamentação como intimidadora e restritiva. “A internet sempre vai ser naturalmente livre”, acredita o publicitário Fábio Bernardi, da campanha à reeleição do prefeito de Porto Alegre (RS), José Fogaça.

Após muitos embates jurídicos entre candidatos por conta do uso da internet, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) definiu que, além das normas gerais que regulam a propaganda eleitoral, a resposta da corte será dada caso a caso. A decisão já foi aplicada, por exemplo, no caso da coligação “São Paulo no Rumo Certo”, de Gilberto Kassab (DEM), contra o uso de vídeos do YouTube pelo candidato Geraldo Alckmin (PSDB). O Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo permitiu a reprodução de vídeos no site do ex-governador paulista. “Esse nosso site será interativo, ouvindo, dialogando, discutindo os programas de governo. Convide seus amigos a participar do nosso site. Ele terá as últimas notícias, será em tempo real”, afirma o candidato na mensagem de boas vindas do endereço.

Entorno
A adesão aos recursos oferecidos pela internet ainda é tímida entre os candidatos do Entorno. A candidata à vereadora em Luziânia Cassiana Tormin (PT) é uma exceção. Após um mês na rede, o site dela recebeu a visita de cerca de 500 pessoas. A candidata acredita que a internet faz a diferença entre os formadores de opinião e é uma forma de divulgação a mais para aqueles que passam o dia fora da cidade e não acompanham o “barulho da campanha”.

O pesquisador sobre inclusão digital e cidadania da Universidade de Brasília Antônio Flávio Testa considera positivo o uso da internet nas campanhas políticas. Testa avalia que os recursos tecnológicos serão cada vez mais utilizados nas próximas eleições, embora a legislação sobre o assunto, segundo ele, não acompanhe os avanços nessa área.

Uso da Internet
Com a internet, os candidatos podem alcançar mais objetivamente seus eleitores, desde que eles consigam segmentar corretamente, identificar o perfil dos seus possíveis eleitores e fazer uma conexão com base numa estratégia de comunicação política mais direcionada. Isso exige uma análise mais aprofundada do comportamento do consumidor, das expectativas e da formatação de uma estratégia de campanha. Mas o resultado é sempre positivo.

Legislação
Essa legislação é um pouco defasada da realidade. O mercado funciona com um ritmo diferenciado. As expectativas dos eleitores, do movimento da sociedade, das organizações sociais e políticas têm hoje uma atuação muito mais intensa com a tecnologia de informação e comunicação. No entanto, a legislação não regulamenta objetivamente esse comportamento e assim a decisão fica a cargo de interpretações de juízes eleitorais — até mesmo casuísticas em determinados momentos —porque não há uma regulamentação, pelo menos no meu modo de entender, que seja condizente com os avanços da sociedade e tão pouco dos avanços da tecnologia que está à disposição dessa participação política organizada.

Previsões
A “sociedade do espetáculo”, no bom sentido, com certeza irá aproveitar com muita intensidade todos os avanços de tecnologia de comunicação e informação colocadas à disposição dos usuários. Estamos caminhando para um mundo cada vez mais multimídia, um mundo muito mais interativo, mais participativo. Acho que haverá uma necessidade cada vez mais objetiva de o Estado acompanhar esse movimento da sociedade e regulamentar o uso do acesso e aplicação dessas tecnologias. E tenho a impressão de que a pressão exercida pela sociedade e pelo ambiente de negócios do mundo político vai obrigar os legisladores a trabalhar de uma forma mais objetiva para definir as regras dessa nova forma de participação no Brasil. Eu acredito que a eleição para presidente da república de 2014 será uma eleição muito diferente daquela que vai acontecer em 2010 e daquela que aconteceu anteriormente, porque cada vez mais temos recursos de comunicação, tecnológicos, de multimídia à disposição daqueles que se candidatam a um cargo eletivo e, obviamente, àqueles que terão que dar aos candidatos o seu voto.

Dilma não vai a evento de Rosário

A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, decidiu não participar de uma agenda com a candidata do PT à prefeitura de Porto Alegre, deputada federal Maria do Rosário, na manhã de ontem. Alegando a impossibilidade de chegar a Porto Alegre no sábado e ter que ir direto com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para Gramado, onde ele seria homenageado, Dilma ligou para o comitê eleitoral cancelando sua participação numa passeata com a secretária especial de Políticas para as Mulheres, Nilcéa Freire, e Maria do Rosário no Bric da Redenção, local mais movimentado aos domingos na capital gaúcha.

Conforme informou a assessoria da ministra à Agência Estado, Dilma chegou ao aeroporto Salgado Filho pela manhã, e, de lá, dirigiu-se para a base área de Canoas, onde se encontraria com o presidente Lula. Em seguida, ambos seguiriam para Gramado, para participarem da abertura do 18º Congresso Brasileiro de Contabilidade, juntamente com os ministros da Justiça Tarso Genro e da Defesa Nelson Jobim. No entanto, Lula cancelou a viagem para o Rio Grande do Sul. Segundo o Planalto, o cancelamento ocorreu devido ao mau tempo na região. O presidente permaneceu em Brasília.

O evento de campanha de Maria do Rosário, do qual Dilma desistiu de participar, aconteceu no dia seguinte à divulgação de pesquisa do Ibope, registrada sob o número 33/2008 e divulgada pelo jornal Zero Hora, que mostrou a candidata petista com 16% das intenções de voto, ao passo que a deputada Manuela D’Ávila (PCdoB) passou ao segundo lugar, com 21%. Segundo a pesquisa, realizada de 19 a 21 de agosto, o prefeito José Fogaça, candidato a reeleição pelo PMDB, é o favorito, com 33%. O Ibope realizou 805 entrevistas e a margem de erro da pesquisa é de três pontos percentuais para mais ou para menos.

Maria do Rosário disse não se importar com resultados das pesquisas e garantiu que irá até o fim da campanha sem considerá-los. Lembrou que a Data Folha estava dando outros números e a colocava em segundo lugar, em empate técnico com a comunista Manuela D’Ávila. A caminhada da candidata aconteceu apesar da chuva que caiu no fim da manhã e juntou cerca de 500 militantes que, empunhando bandeiras, passearam por entre as bancas da tradicional feira de antiguidades da capital gaúcha.

O motoqueiro Kassab
Um dia depois da divulgação da pesquisa do Instituto Datafolha, registrada com o número 01900108 – SPPE, que demonstrou aproximação entre Geraldo Alckmin (PSDB) e o prefeito e candidato Gilberto Kassab (DEM), tucanos prestigiaram ontem a inauguração de um comitê de campanha de Kassab em Itaquera, Zona Leste de São Paulo. Os vereadores Carlos Bezerra e Adolfo Quintas, o secretário municipal da Educação, Alexandre Schneider, e o subprefeito de Itaquera, Laerte de Lima Teixeira, todos filiados ao PSDB, fizeram discursos inflamados ao lado do prefeito. A palavra-chave entre os que discursaram foi “lealdade”. O subprefeito Teixeira falou em “questão de ética”, o secretário Schneider em “coerência”, e o vereador Bezerra exaltou números da atual gestão. O reforço tucano em uma inauguração de comitê foi considerada normal por Kassab: “São todos amigos de caminhada, que vieram dar um abraço e um boa sorte para a campanha”.


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