terça-feira, 3 de abril de 2007

Comprovado caixa 2 de Azeredo. E agora?

PF, MP Federal e Estadual, TJMG, STF, enfim, todos os Poderes já têm as provas do caixa 2 e Azeredo continua senador Durante todo ano de 2004 e 2005, mesmo período que tramitava em Brasília a crise deflagrada com o vídeo da propina paga ao funcionário dos Correios e o “mensalão”, denunciado pelo ex-deputado Roberto Jefferson, o cidadão brasileiro e principalmente mineiro assistiu incrédulo às afirmativas de que o esquema do “valerioduto” iniciara-se na campanha de Eduardo Azeredo (PSDB) ao governo de Minas Gerais em 1998.

Naquele período, Azeredo tinha assumido a presidência do PSDB nacional e seus companheiros de partido desqualificaram as denúncias, tendo em vista a inexistência de provas naquela ocasião. O Ministério Público (MP) e a Polícia Federal (PF) deram início às investigações e coletas de prova.

De maneira estranha, durante o período das investigações, sempre alguém do PT colocava dúvidas sobre as investigações. De forma bastante lenta, as investigações continuaram e o resultado foi surpreendente.

Vê-se com a documentação o porquê de alguns membros do PT terem aquele comportamento. Na verdade, a documentação comprova que o esquema montado para eleger Eduardo Azeredo em 1998 financiou uma significativa parcela do PT. Este fato traz à tona o quanto certas áreas do PT são próximas do PSDB. Desta forma, não causa surpresa que o esquema “valerioduto”, montado para financiar o PSDB, tenha servido como uma luva para financiar o PT.

A documentação que comprova as práticas ilícitas na campanha de Azeredo são tremendamente robustas e indiscutíveis.

Em qualquer país do mundo, depois de comprovado - como aqui já está comprovado - as operações irregulares praticadas com o dinheiro público nas eleições de 1998 pelo então candidato, hoje senador, Eduardo Azeredo, já teria perdido seu mandato e estaria até mesmo preso.

Porém, no Brasil, isto não acontece. Ao contrário, sua Excelência continua tendo diversas regalias e uma tribuna de onde discursa para seus colegas, “denunciando diversas irregularidades”, o teatro é tão grande que recebe apartes.

Convoca e interroga ministros e outras autoridades, comparece a diversas solenidades dos diversos Poderes, sendo chamado para compor a mesa, tem um tratamento de “autoridade”.

A isto tudo presencia a sociedade mineira e brasileira sem entender muito bem qual é o seu papel: se o melhor seria aplaudir ou vaiar.

Esta dúvida “cruel” só existe em função da tremenda inversão de valores que vigora no Brasil, onde a malandragem e o malandro são elogiados por sua “capacidade e esperteza” em conseguir se sair bem de situações difíceis. E o cidadão honesto, “sem jogo de cintura”, virou motivo de deboche e chacota por não conseguir “aproveitar as oportunidades”.

Pensando bem, qual a diferença entre Fernandinho Beira-Mar e Azeredo?

A única diferença clara é que o traficante montou uma quadrilha para traficar e o senador montou uma quadrilha para assaltar o cofre público mineiro. Enfim, ele faz tudo igual à Beira-Mar ou a qualquer delinqüente. A única diferença é que para Azeredo “deu tudo certo”. Ele conseguiu eleger-se senador e no atual manual político “vale tudo, só não vale perder a eleição” e Beira-Mar não consegue eleger-se a nada.

É isto mesmo, esta é a lógica que rege o comportamento dos atuais governantes.

Pau que nasce torto morre torto, este Eduardo Azeredo, que hoje é visto como o maior corrupto de sua geração política, é fruto das primeiras “décadas da impunidade mineira”.

Justiça seja feita, ele em nada inovou. Deu continuidade, primeiro na Prefeitura de Belo Horizonte, depois à frente do Governo do Estado de Minas, ao desmonte da máquina pública, acabando com o Banco do Estado de Minas Gerais (Bemge), com o Banco de Crédito Real de Minas Gerais (Credireal) e vendendo as ações da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) e da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa).

Seus contemporâneos de infância afirmam que desde cedo, em tenra idade e na adolescência, sua aptidão pela subserviência e participação em “esquemas” já era destacada e conhecida. Quem precisasse de alguém para realizar um “serviço sujo” sabia que tinha nele um excelente parceiro.

Até assumir a prefeitura de Belo Horizonte, a principal conquista de Azeredo tinha sido a de “maior colecionador de tampinhas de garrafa” e não foi por outro motivo que ingenuamente Pimenta da Veiga o convidou para ser seu vice.

Ele não sabia que por traz de Azeredo estava a “família Martins” e os “Borges da Costa” a conduzir a nova geração dos “pica fumo”.

Ao contrário de Pimenta, a “turma” de Hélio Garcia conhecia bem seu histórico, cooptando-o com facilidade de Pimenta da Veiga na prefeitura e depois no governo mineiro. Hélio Garcia indicaria a vice seu “escudeiro”, o atual ministro Walfrido dos Mares Guia.

Quem conhece Minas Gerais, sua história, sua política e sua gente, sabe muito bem que Azeredo construiu toda sua vida em cima da traição aos amigos e com práticas pouco ortodoxas em administrar.


Qualquer afirmativa que façamos ficará pequena perto da documentação que acompanha a reportagem Farta documentação desvela valerioduto, que demonstra o quanto Azeredo, “sua equipe” e toda uma geração de políticos mineiros tinham e têm certeza da impunidade.


Estaríamos cometendo uma injustiça ao incluir seus companheiros partidários “neste embrulho” se em algum momento alguém do PSDB nacional ou regional defendesse a punição de Azeredo. Ao contrário, seu comportamento foi sempre em clara demonstração de cumplicidade.

Por justiça, é necessário destacar que Fernando Henrique Cardoso queria puni-lo.

Aos poucos o tucanato mineiro é literalmente depenado. Ao contrário do pássaro que os representam, não é o bico que os tucanos têm grande e sim suas mãos.

O montante declarado por Azeredo ao Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG) como despesa na campanha em 1998 ao governo mineiro foi de R$ 8,5 milhões.

O restante repassado aos candidatos que apoiavam Azeredo foi feito através do caixa 2, conforme apurado pela PF e o MP Estadual e Federal. A farta documentação existente comprova que o valor chegou a R$ 98 milhões.

Em 1994, quatro anos antes, quando se elegeu governador de Minas Gerais, Eduardo Azeredo montou um semelhante esquema financeiro dentro do Palácio da Liberdade, além de um poderoso esquema dentro do Poder Judiciário mineiro e nacional, que a serviço de Azeredo, chegou a fechar em pleno regime democrático durante o período eleitoral, o jornal Diário de Minas, porque denunciara o desvio de verba do Fundo Nacional de

Desenvolvimento da Educação (FNDE) por Azeredo quando prefeito de Belo Horizonte, desvio este comprovado através de “Exceção da Verdade”, na própria Ação Criminal por ele patrocinada, conforme amplamente narrado e documentado no livro “ A Justiça Tucana”.

Promotores que participaram do “esquema” montado para silenciar o Diário de Minas foram promovidos a procuradores e juízes e juízas a desembargadores.

Até mesmo o sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais, na época, estava com Azeredo e contra o Diário de Minas.O sindicato veiculou nota no dia da eleição no jornal Estado de Minas, defendendo o fechamento do jornal, dizendo que a edição era falsa e que o jornal tinha falido há anos.

Mais tarde, a própria juíza que determinara o fechamento do jornal foi obrigada a recuar e confessar seu “equívoco”, determinando que fosse reaberto o jornal.

Porém já era tarde, o veículo perdera sua periodicidade, anunciantes e funcionários, além de mergulhar em enormes dívidas, por não ter recebido do governo mineiro e de suas estatais o que lhe era devido de verba de publicidade.

Alguns jornalistas tentaram na época submeter os autores da “nota” ao conselho de ética da categoria profissional, o que foi em vão, devido a enorme influência do Palácio da Liberdade sobre o sindicato.

Não é mesmo Washington Mello, Aluízio Moraes e Geraldo Mello?

Segundo apurado pela reportagem, a participação de membros do Judiciário ocorrida em 1994 repetiu-se também em 1998.

Duas coisas ficaram provadas:

Primeiro: nascia ali o “valerioduto”, com a participação já naquela época, de membros do PT e do PSDB.

Segundo: o tempo é o senhor da razão.

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