terça-feira, 10 de abril de 2007

Planalto quer dialogar com a oposição

Apesar da blindagem política assegurada pela coalizão com onze partidos, o presidente Lula decidiu ampliar as conversas com a oposição e já mandou emissários aos tucanos Tasso Jereissati e Fernando Henrique Cardoso. Lula se animou a ampliar as conversas depois do café com o senador Antônio Carlos Magalhães na semana passada, considerado muito bem sucedido no Planalto. Nos bastidores, o principal recado do senador baiano foi o de que não participará nem ajudará qualquer iniciativa da oposição destinada a desestabilizar o governo.

Na avaliação do presidente e de seus aliados, isso quer dizer que parte da oposição pefelista, justamente a mais radical, reconhece a legitimidade de sua vitória nas urnas e não está disposta a lançar mão de expedientes que no Planalto são chamados de "golpistas". Por exemplo, CPIs com clara intenção política de desestabilização e discursos radicais falando até em impeachment, como ocorreu no primeiro mandato. A conversa com ACM sinalizou, sobretudo, que deve baixar a temperatura do debate político, que não deve chegar ao nível da troca de ofensas como "ladrão" e "hamster", protagonizada por Lula e Antônio Carlos no período eleitoral.

A conversa com ACM animou Lula a enviar emissários ao PSDB de Tasso e Fernando Henrique. Lula, segundo auxiliares, gostaria de ter encontros com os dois - embora, realisticamente, admita que, depois do chumbo trocado durante a campanha, a possibilidade de conversa com FH é mais remota. Já Tasso, como presidente do PSDB, está sendo procurado institucionalmente e, na expectativa do Planalto, deve comparecer, ainda que para uma mera formalidade. No fundo, porém, o que deseja Lula?

Não há mais, nos planos de Lula, qualquer esperança quanto à possibilidade de união de forças com setores da oposição como o PSDB de Aécio Neves, por exemplo, para governar e depois tratar da sucessão de 2010. Os cem primeiros dias de governo deixaram claro ao presidente que o jogo do governador mineiro é mesmo no PSDB, ainda que para isso ele tenha que disputa a candidatura presidencial com José Serra. Claro também tem ficado para o presidente que as forças de sua base parlamentar terão candidato, ou até candidatos próprios - no mínimo, um do PT e um das demais forças de esquerda, como Ciro Gomes. A conversa com a oposição visa sobretudo a reforçar a política que, em tese, sua base deveria garantir ao governo. Lula não acredita que, em algum momento, terá o apoio dos oposicionistas no Congresso.

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