sexta-feira, 6 de abril de 2007

Deputado quer CPI do “Valerioduto”

O deputado estadual Sávio Souza Cruz (PMDB) quer a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar o esquema conhecido como “valerioduto mineiro”. “Cabe à Assembléia Legislativa de Minas Gerais instalar a CPI do “Valerioduto” para, de uma vez por todas, mostrar ao povo mineiro as negociatas que Marcos Valério promoveu com o dinheiro público em nosso estado”, afirmou.

Segundo Souza Cruz, está demonstrado que o “valerioduto” foi projetado “e teve seus primeiros túneis construídos em Minas Gerais na gestão do então governador Eduardo Azeredo”. “Toda a documentação relativa à movimentação financeira deste esquema espúrio que o Novo Jornal divulgou prova à exaustão que o “valerioduto” nasceu em Minas”, destacou o parlamentar.

Souza Cruz explicou que o esquema montado por Marcos Valério não foi simplesmente caixa 2. “Na verdade, foi articulado um esquema para desviar recursos públicos. As denúncias feitas o ano passado pelo deputado Roberto Jefferson equivalem ao que ocorreu em Minas, ou seja, roubaram dinheiro público”, declarou.

O deputado ressaltou que o “mensalão” se caracterizou por utilizar recursos do “valerioduto” para comprar consciências no Congresso Nacional. “Em Minas, o desvio de dinheiro público foi para financiar a campanha à reeleição do então governador de Minas Gerais, Eduardo Azeredo, e sabe-se lá para mais o quê”, afirmou.

De acordo com Souza Cruz, os contratos firmados pelas empresas de Marcos Valério com os órgãos públicos mineiros eram de fachada. “O objetivo foi o de drenar dinheiro público para finalidades escusas, que seguiam na contramão dos interesses do povo”, afirmou.

O deputado disse que Marcos Valério detinha o monopólio da publicidade em Minas, seja no Executivo, Legislativo, Judiciário e Ministério Público. “Agora, permanece como um defunto insepulto o conhecimento dos descalabros deste esquema perverso que se apropriou do dinheiro público do nosso estado”, frisou.

Pressão

Souza Cruz lembrou que em 2005 a Assembléia Legislativa tentou instalar uma CPI para apurar os contratos das empresas de Marcos Valério com os órgãos públicos, mas não obteve êxito. “Não conseguimos as 26 assinaturas necessárias para abrir esta investigação. Na época, houve uma forte pressão de setores do governo para abortar o nosso objetivo”, contou, acrescentando que “não é possível que Minas Gerais continue escondendo este cadáver do “valerioduto” debaixo dos tapetes dos órgãos públicos do nosso estado”.

O deputado do PMDB exige que o Ministério Público Estadual tome imediatas providências no sentido de fazer um levantamento da ação do “valerioduto” em Minas. “Sinto que o Ministério Público não está atuando como deveria. Ele está omisso”, criticou.

Souza Cruz revelou que Marcos Valério era “figurinha fácil e carimbada” na Assembléia Legislativa. “Este elemento chegou a ter inclusive espaço físico destinado a ele no nosso Legislativo. Veja a que ponto chegamos”, afirmou.

O deputado disse que Marcos Valério com seu esquema de “rapinagem do dinheiro público” atuou com desenvoltura no primeiro mandato do governador Aécio. “Mas, infelizmente, aqui em Minas o povo não pode ter acesso à informação. Não existe liberdade. A imprensa está amordaçada pelas verbas publicitárias oficiais, deixando o povo sem saber dos escândalos governamentais”, salientou.

Souza Cruz declarou ainda que já passou do momento de Minas Gerais restaurar o direito à informação. “O debate político precisa ser resgatado, assim como o direito ao contraditório. A inteligência dos mineiros não pode se curvar a essa falsa unanimidade que se quer atribuir a Aécio, regada a verbas publicitárias que são generosamente distribuídas em troca de consciências”, concluiu o parlamentar. (Novo Jornal)

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