Com o movimento mundial de US$ 400 bilhões por ano, o mercado do luxo cresce -e se espalha- também no Nordeste, no Centro e no Sul do país
Se tem um setor no Brasil que não está precisando de um PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) é o do consumo de alto luxo. O país cresceu 3,7%, certo? Pois o mercado do luxo explodiu: cresceu 32% no ano passado. Se, em 2005, o faturamento das empresas do ramo foi de US$ 2,9 bilhões, em 2006 ele saltou para US$ 3,9 bi. Em termos reais, desconsiderada a variação cambial do período, o crescimento foi de 17%. Em 2007, a estimativa é que o setor fature US$ 4,3 bilhões.
Os números são de uma pesquisa apresentada aos principais empresários do setor num hotel -de luxo, é claro- de São Paulo há dez dias, e obtida com exclusividade pela coluna. O trabalho foi encomendado ao GfK Indicator pela MCF, consultoria de Carlos Ferreirinha, ex- presidente da Louis Vuitton no Brasil e coordenador do MBA de gestão do luxo da Faap.
Sorry, São Paulo: a pesquisa mostra que o luxo não é mais uma exclusividade da cidade. Nem está migrando para sua vizinha charmosa, Rio de Janeiro. Se, até 2006, as duas cidades, e mais Belo Horizonte, lideravam a expansão do mercado, as coisas devem mudar em 2007. No ano passado, 74% das cerca de cem empresas ouvidas na pesquisa ampliaram seus negócios em SP; neste ano, 59% anunciam a mesma intenção. No Rio, a queda é de 32% para 22%. Surpresa: 5% das marcas vão expandir seus negócios em Recife (PE), que nunca aparecera nas estatísticas. E outro percentual, idêntico, em Florianópolis; 22% vão expandir seus negócios em Brasília.
As explicações são várias. No ano passado, no Nordeste, o consumo, em geral, cresceu 18%, contra 6% no resto do Brasil, diz o economista Sérgio Vale, da MB Associados. O fenômeno, associado ao incremento do turismo, com a atração de estrangeiros endinheirados, está fortalecendo e impulsionando o poder de consumo da classe média alta. "Passei férias em Natal (RN) e fiquei impressionado: estava numa cidade rica, com uma classe média-alta pujante. Muitos prédios novos lembravam os de Moema, em São Paulo", diz ele.
Na Dona Santa/Santo Homem, a "Daslu do Nordeste", um palácio de quatro andares e 1.600 m2 no Recife, a coleção de bolsas da Prada que aportou nas prateleiras em janeiro já foi toda vendida. Precinho: R$ 7.000. Clientes aguardam ansiosas pela chegada da coleção "spring/summer". "Algumas vêm aqui num dia para comprar uma blusa básica. Voltam no outro, e compram o guarda-roupa inteiro", diz Celso Ieiri, gerente da loja. Detalhe: a blusa "básica" pode custar R$ 2.600.
São 9.000 clientes cadastrados, de todo o Nordeste. "Ninguém da região precisa mais pegar um avião para fazer compras. Basta vir aqui. Temos os mesmos produtos que estão em São Paulo, Milão, Berlim, Nova York", diz Lília Santos, a "Eliana Tranchesi" do Recife. Há cerca de dois anos, não era assim: a Dona Santa só vendia grifes nacionais. "Fizemos uma pesquisa, e vimos que a cidade comportaria produtos importados, de alto luxo", diz Juliana Santos, filha de Lília. A butique hoje vende Ferragamo, Ermenegildo Zegna, Prada, Chloé. Está negociando com Marc Jacobs, Miu Miu e Fendi. "As vendas triplicaram." As melhores clientes chegam a gastar R$ 50 mil de uma vez.
O hit do momento no Recife são os novos campos de golfe que devem ser construídos pela Odebrecht num investimento na praia do Paiva. "A cidade só tinha campos com oito buracos. Lá, os campos terão 18 buracos", diz o colunista social João Alberto. A empreiteira construirá hotéis, resorts, campos hípicos e condomínios com casas que custarão 500 mil, ou R$ 1,36 milhão. A Queiroz Galvão lançou um prédio com 34 apartamentos, a R$ 2 milhões cada. Vendeu tudo em 15 dias.
No mês passado, a inauguração do novo prédio da Magrella, a "Daslu de Brasília", que vende D&G, Armani, Lanvin e Prada por até R$ 15 mil, parou o high society da capital. A cidade também está na mira do mercado de luxo: 16% das empresas consultadas na pesquisa do GfK Indicator abriram ou ampliaram negócios por lá em 2006; neste ano, 22% anunciam expansão. Três grifes internacionais planejam abrir lojas na cidade: Louis Vuitton, Diesel e Emporio Armani.
O símbolo do alto luxo em Florianópolis (SC) é o condomínio de Jurerê Internacional. Até quem já está acostumado com o maravilhoso mundo do esplendor e da suntuosidade paulistanos se espanta, por exemplo, com a quantidade de Ferraris nas ruas. "É uma coisa engraçada, meio Miami. Tem milionário de Goiás e Mato Grosso que deixa a Ferrari coberta na garagem, em Florianópolis, e só usa em férias, finais de semana ou feriados", diz Marcos Campos, um dos sócios do paulistano Cafe de La Musique. Atraídos pela abastada clientela, Marcos, Álvaro Garnero e Ricardo Mansur abriram uma sucursal do Cafe em Jurerê. A entrada da boate custa R$ 100; os ingressos para uma festa fechada, R$ 400.
No caso de Floripa, os especialistas creditam a pujança, em boa parte, ao turismo, nacional e internacional. Observador empírico, Marcos Campos diz que a cidade fica "lotada de gringos, italianos, americanos", que são atraídos por causa da segurança -"uns bilionários marroquinos foram assaltados no Rio, pegaram o avião para Floripa e disseram que nunca mais vão para outro lugar"- e pela beleza das mulheres catarinenses. "Só tem gente linda", diz ele. "Jurerê é o condomínio mais caro do Brasil, tem terreno de 800 m2 sendo vendido por R$ 2,5 milhões. É mais caro que Laranjeiras, Guarujá..." Se movimenta muito dinheiro, o mercado do luxo gera pouco emprego: só 10% das empresas pesquisadas têm mais de mil funcionários; a maior parte delas, 66%, tem menos de 100 empregados.
Se tem um setor no Brasil que não está precisando de um PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) é o do consumo de alto luxo. O país cresceu 3,7%, certo? Pois o mercado do luxo explodiu: cresceu 32% no ano passado. Se, em 2005, o faturamento das empresas do ramo foi de US$ 2,9 bilhões, em 2006 ele saltou para US$ 3,9 bi. Em termos reais, desconsiderada a variação cambial do período, o crescimento foi de 17%. Em 2007, a estimativa é que o setor fature US$ 4,3 bilhões.
Os números são de uma pesquisa apresentada aos principais empresários do setor num hotel -de luxo, é claro- de São Paulo há dez dias, e obtida com exclusividade pela coluna. O trabalho foi encomendado ao GfK Indicator pela MCF, consultoria de Carlos Ferreirinha, ex- presidente da Louis Vuitton no Brasil e coordenador do MBA de gestão do luxo da Faap.
Sorry, São Paulo: a pesquisa mostra que o luxo não é mais uma exclusividade da cidade. Nem está migrando para sua vizinha charmosa, Rio de Janeiro. Se, até 2006, as duas cidades, e mais Belo Horizonte, lideravam a expansão do mercado, as coisas devem mudar em 2007. No ano passado, 74% das cerca de cem empresas ouvidas na pesquisa ampliaram seus negócios em SP; neste ano, 59% anunciam a mesma intenção. No Rio, a queda é de 32% para 22%. Surpresa: 5% das marcas vão expandir seus negócios em Recife (PE), que nunca aparecera nas estatísticas. E outro percentual, idêntico, em Florianópolis; 22% vão expandir seus negócios em Brasília.
As explicações são várias. No ano passado, no Nordeste, o consumo, em geral, cresceu 18%, contra 6% no resto do Brasil, diz o economista Sérgio Vale, da MB Associados. O fenômeno, associado ao incremento do turismo, com a atração de estrangeiros endinheirados, está fortalecendo e impulsionando o poder de consumo da classe média alta. "Passei férias em Natal (RN) e fiquei impressionado: estava numa cidade rica, com uma classe média-alta pujante. Muitos prédios novos lembravam os de Moema, em São Paulo", diz ele.
Na Dona Santa/Santo Homem, a "Daslu do Nordeste", um palácio de quatro andares e 1.600 m2 no Recife, a coleção de bolsas da Prada que aportou nas prateleiras em janeiro já foi toda vendida. Precinho: R$ 7.000. Clientes aguardam ansiosas pela chegada da coleção "spring/summer". "Algumas vêm aqui num dia para comprar uma blusa básica. Voltam no outro, e compram o guarda-roupa inteiro", diz Celso Ieiri, gerente da loja. Detalhe: a blusa "básica" pode custar R$ 2.600.
São 9.000 clientes cadastrados, de todo o Nordeste. "Ninguém da região precisa mais pegar um avião para fazer compras. Basta vir aqui. Temos os mesmos produtos que estão em São Paulo, Milão, Berlim, Nova York", diz Lília Santos, a "Eliana Tranchesi" do Recife. Há cerca de dois anos, não era assim: a Dona Santa só vendia grifes nacionais. "Fizemos uma pesquisa, e vimos que a cidade comportaria produtos importados, de alto luxo", diz Juliana Santos, filha de Lília. A butique hoje vende Ferragamo, Ermenegildo Zegna, Prada, Chloé. Está negociando com Marc Jacobs, Miu Miu e Fendi. "As vendas triplicaram." As melhores clientes chegam a gastar R$ 50 mil de uma vez.
O hit do momento no Recife são os novos campos de golfe que devem ser construídos pela Odebrecht num investimento na praia do Paiva. "A cidade só tinha campos com oito buracos. Lá, os campos terão 18 buracos", diz o colunista social João Alberto. A empreiteira construirá hotéis, resorts, campos hípicos e condomínios com casas que custarão 500 mil, ou R$ 1,36 milhão. A Queiroz Galvão lançou um prédio com 34 apartamentos, a R$ 2 milhões cada. Vendeu tudo em 15 dias.
No mês passado, a inauguração do novo prédio da Magrella, a "Daslu de Brasília", que vende D&G, Armani, Lanvin e Prada por até R$ 15 mil, parou o high society da capital. A cidade também está na mira do mercado de luxo: 16% das empresas consultadas na pesquisa do GfK Indicator abriram ou ampliaram negócios por lá em 2006; neste ano, 22% anunciam expansão. Três grifes internacionais planejam abrir lojas na cidade: Louis Vuitton, Diesel e Emporio Armani.
O símbolo do alto luxo em Florianópolis (SC) é o condomínio de Jurerê Internacional. Até quem já está acostumado com o maravilhoso mundo do esplendor e da suntuosidade paulistanos se espanta, por exemplo, com a quantidade de Ferraris nas ruas. "É uma coisa engraçada, meio Miami. Tem milionário de Goiás e Mato Grosso que deixa a Ferrari coberta na garagem, em Florianópolis, e só usa em férias, finais de semana ou feriados", diz Marcos Campos, um dos sócios do paulistano Cafe de La Musique. Atraídos pela abastada clientela, Marcos, Álvaro Garnero e Ricardo Mansur abriram uma sucursal do Cafe em Jurerê. A entrada da boate custa R$ 100; os ingressos para uma festa fechada, R$ 400.
No caso de Floripa, os especialistas creditam a pujança, em boa parte, ao turismo, nacional e internacional. Observador empírico, Marcos Campos diz que a cidade fica "lotada de gringos, italianos, americanos", que são atraídos por causa da segurança -"uns bilionários marroquinos foram assaltados no Rio, pegaram o avião para Floripa e disseram que nunca mais vão para outro lugar"- e pela beleza das mulheres catarinenses. "Só tem gente linda", diz ele. "Jurerê é o condomínio mais caro do Brasil, tem terreno de 800 m2 sendo vendido por R$ 2,5 milhões. É mais caro que Laranjeiras, Guarujá..." Se movimenta muito dinheiro, o mercado do luxo gera pouco emprego: só 10% das empresas pesquisadas têm mais de mil funcionários; a maior parte delas, 66%, tem menos de 100 empregados.
Com certeza o mercado de Brasilia tem atraído as atenções das grifes, não é de hoje que muitas empresas já anunciaram a vida para cidade ou estão na espera de um momento oportuno, como as seguintes empresas.
Accessorize, Baccarat, Cartier, Tiffany & Co, Ermenegildo Zegna, Salvatore Ferragamo, Hugo Boss, entre outras.
O mercado de Brasilia está em franca expansão na área de luxo, e isso não se traduz apenas nas grifes de lojas de roupas, mas como um todo, hotéis, shoppings, residenciais, comerciais voltados a público da High Society Brasiliense.
Isso é uma absurdice...
Tanto no positivo como no negativo...