segunda-feira, 16 de abril de 2007

Silêncio muda tática

O silêncio dos magistrados, advogados, empresários e bicheiros presos na Operação Hurricane (furacão, em inglês) obrigaram a Polícia Federal a mudar estratégia, suspendendo os depoimentos. Ontem, até as 12h30, foram ouvidos 17 dos 25 acusados. A PF optou por mobilizar três equipes e organizar um mutirão para análise das duas toneladas de documentos e computadores apreendidos nas residências e nos escritórios dos acusados.

Otimista, o delegado Renato Porciúncula, um dos coordenadores da operação, avalia que a análise deverá ser rápida. Os federais se reúnem hoje para discutir a possibilidade de pedir a prorrogação da prisão preventiva — que se encerra amanhã — da maioria dos 25 alvos da Operação Hurricane e também a necessidade de novos interrogatórios. “Vamos nos reunir para avaliar os depoimentos, o material apreendido e definir os próximos passos da investigação”, disse Porciúncula. Os federais esperam encontrar no material apreendido informações para confrontar os presos, que, instruídos pelos advogados, optaram por se pronunciar apenas em juízo ou negar qualquer questionamento.

No início da tarde de ontem, pouco mais de uma tonelada — 1.100 quilos — de documentos e computadores chegaram a Brasília em um avião da PF. Divididos em 99 malotes, o material foi transportado até o edifício-sede da PF em duas vans. Com as provas, desembarcaram 19 policiais. No total, 50 agentes vão trabalhar na análise do material apreendido. Foram necessárias duas viagens. O avião voltou ao Rio, para buscar mais 900 quilos de provas.

As cinco carretas com os 51 veículos apreendidos e avaliados em R$ 10 milhões devem chegar na manhã de hoje em Brasília (leia reportagem na página 7). “Saíram às 5h30 deste domingo e vêm escoltadas”, disse o delegado Renato Porciúncula. E o dinheiro recolhido — R$ 10 milhões em espécie, R$ 5 milhões em cheques, dólares, euros e libras

esterlinas — já foram depositados na Caixa Econômica. Parte dele, estava dentro de uma mala, numa parede com fundo falso, na casa de um dos presos.

Lei do silêncio
Com base na análise dos documentos, os depoimentos serão retomados hoje às 8h. Suspeitos que já foram ouvidos poderão ser reinquiridos e acareados com outros, dependendo das informações obtidas pela PF a partir da análise dos documentos. Apesar do silêncio dos primeiros depoimentos, a PF informou que alguns suspeitos se dispuseram a dar declarações quando tiverem conhecimento do inquérito, que corre em segredo de Justiça no Supremo Tribunal Federal (STF).

A análise dos documentos é importante para sustentar um pedido de prorrogação da prisão dos acusados. Os advogados instruíram seus clientes a permanecer em silêncio por não terem acesso ao conteúdo das acusações. “A defesa não teve acesso a nada, a decisão é muito genérica. A maior parte das defesas se orienta no sentido de ficar em silêncio. A gente não sabe a acusação, não sabe a imputação. O silêncio tem sido uma constante aqui”, disse Thiago Bouza, um dos advogados do desembargador federal José Ricardo de Siqueira Regueira.


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Ministro nega envolvimento

O ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Paulo Medina afirma que seu nome foi usado indevidamente por pessoas ligadas ao esquema de exploração de jogos ilegais e venda de decisões judiciais favoráveis aos donos de casas de bingo e máquinas de caça-níqueis. A informação foi dada ontem pelo advogado do ministro, Antônio Carlos de Almeida Castro, segundo o site de notícias G1. “Esse é um problema crônico e grave do Poder Judiciário. Pessoas inescrupulosas, que usam o nome de um juiz, de um ministro, devem ser penalizadas de forma severa”, disse o advogado.

Oito advogados foram ontem pedir o relaxamento da prisão de seus clientes ao Supremo Tribunal Federal (STF). As petições foram protocoladas e distribuídas para os ministros da corte, que devem julgar hoje os pedidos. O advogado Nélio Machado foi um dos que protocolou uma petição para soltar o desembargador Ricardo Regueira.

Supremo
Segundo o advogado, o desembargador Regueira está preso injustamente. “Pela sua condição de juiz, ele não deveria ter sido preso dessa maneira”, avalia. Os advogados prometeram levar ao STF a denúncia de que as conversas com os seus clientes estariam sendo gravadas pela Polícia Federal. “Eu não sei qual o advogado que vai ter liberdade de falar com a câmera em cima dele, disse, David Vangiremolasi. A polícia negou que tenha feitas as gravações.

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