terça-feira, 24 de abril de 2007

DEM libera críticas a seus aliados históricos do PSDB

Depois que o PSDB subiu duas vezes a rampa do Palácio do Planalto para visitar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o DEM aproveitou a deixa para expor a crise no casamento de 13 anos entre os dois partidos. “Os Democratas só vão subir a rampa em 2011”, reagiu o presidente da sigla, deputado Rodrigo Maia (RJ). A frase reflete menos a certeza sobre o que acontecerá na sucessão de Lula e mais a convicção de que o DEM terá candidato próprio, deixando de ser parceiro dos tucanos.A divisão da oposição ficou evidente em duas frases proferidas pelos seus líderes na semana passada, mostrando que o DEM quer ser para o governo Lula o que o PT foi para o governo FHC: oposição pela oposição. “É indispensável proceder como uma cão macho, que aparta claramente seu território e cuida dele”, disse o líder do DEM na Câmara, Onyx Lorenzoni (RS). “Onyx não é meu paradigma na Câmara”, rebateu o líder do PSDB, deputado Antonio Carlos Pannunzio (SP).O Estado apurou que, para coroar essa troca de chumbo político, o comando do DEM liberou seus parlamentares para criticar o PSDB e “denunciar os atos adesistas” dos tucanos ao governo Lula. Bem antes das visitas do governador José Serra (SP) e do senador Tasso Jereissatti (CE) a Lula, PSDB e DEM vinham se estranhando nos Estados e em Brasília, de público e nos bastidores do Congresso. “Fica difícil afinar a viola da oposição quando não se tem foco”, resume o senador Sérgio Guerra (PSDB-PE), ao admitir a falta de sintonia entre os partidos.Em plenário, o DEM obstrui as votações, enquanto os tucanos avaliam que é mais produtivo aprovar as medidas do PAC para não desgastar o Congresso e tentar mostrar à população que o governo não tem projeto.O secretário-geral do DEM, Saulo Queiroz, admite que a opção por uma “oposição sistemática e sem meias medidas” é parte de um plano para consolidar o partido “como apto a disputar o poder em todas as esferas”.Os tucanos dizem que é o PSDB que tem projeto viável de poder e os ex-pefelistas estariam vivendo uma crise depois da eleição, que diminuiu seu poder nos Estados. O DEM argumenta que tem liberdade para fazer oposição “dura e corajosa” porque está livre da pressão provocada pelos interesses dos seis governadores tucanos. José Roberto Arruda, do DF, é o único governador do DEM.

Agravam o racha oposicionista a elevada popularidade do presidente Lula e o baixo poder de fogo diante de uma base governista inchada à custa da partilha do poder com novos aliados, como PMDB e PDT. PSDB e DEM deixaram de lado, pelo menos na Câmara, uma cordialidade que ainda resiste no Senado. “Os democratas não participam de convescote. Com esse governo, participamos de reunião de trabalho. Nenhum outro assunto nos atrai ao Planalto”, atacou o vice-líder José Carlos Aleluia (BA).A frase é menos verdadeira quando se recordam as visitas a Lula feitas por Antonio Carlos Magalhães (DEM-BA) e, ainda ontem, por Romeu Tuma (DEM-SP). O senador paulista deixou o encontro se queixando do tratamento que recebe da cúpula do partido. “Se continuarem me tratando assim, vou embora”, ameaçou. Mas o DEM insiste em que esses são casos isolados.

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