quinta-feira, 19 de abril de 2007

Lula cria Pasta para Mangabeira Unger

O professor de Direito da Universidade de Harvard, Mangabeira Unger, reúne-se hoje com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para formalizar a aceitação do convite para assumir a Secretaria de Ações Especiais de Longo Prazo. Ainda não está definido qual será o formato da nova secretaria, mas há propostas para que ela reúna o Núcleo de Assuntos Estratégicos (NAE) - que já foi comandado pelo ex-ministro Luiz Gushiken - e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), atualmente no organograma do Planejamento. A Presidência não confirma ainda a transferência do Ipea.

Mangabeira Unger foi coordenador da campanha de Ciro Gomes à Presidência em 2002 e crítico do governo Lula. É o segundo político ligado a Ciro a ir para o Palácio do Planalto, o primeiro foi o ministro da Articulação Política, Walfrido dos Mares Guia (PTB). Os mais próximos a Lula dizem que o presidente também aprecia os textos e a conversa de Mangabeira. Ele funcionaria para o governo Lula, segundo informou um ministro, como Hélio Jaguaribe funcionou para o governo Fernando Henrique Cardoso. "Ninguém tem tempo para realizar estudos que projetem os problemas e as soluções para o futuro, os próximos 20, 30 anos, e a tarefa de Mangabeira Unger seria esta".

A aproximação entre Mangabeira e Lula começou ainda durante a campanha presidencial do ano passado. Mangabeira Unger é vice-presidente do PRB, partido ao qual José Alencar é filiado. Alencar alimentou essa aproximação, embora não tenha assumido a paternidade da indicação de Mangabeira para o ministério de Lula.

A intenção inicial do PRB era que Mangabeira assumisse o Ministério da Educação. O PRB é o braço político da Igreja Universal do Reino de Deus e tem como um de seus principais expoentes o senador Marcelo Crivella (RJ). No segundo turno, Crivella reuniu no Alvorada um grupo de pastores e cantores gospel para pedir empenho na reeleição do presidente. Mesmo assim, a legenda, fruto de uma cisão do PL - atual PR - não tinha qualquer representante na Esplanada, além de Alencar.

Do ponto de vista político, Mangabeira Unger já foi partidário de Leonel Brizola, acompanhou a eleição de Ciro Gomes, filiou-se ao PRB e agora assume um cargo no governo Lula depois de ter sido um de seus mais ácidos críticos. Em artigo na "Folha de São Paulo", em 2005, Unger disse que o governo Lula ocupava o topo do ranking da história da corrupção nacional: "Afirmo que o governo Lula é o mais corrupto de nossa história nacional. Corrupção tanto mais nefasta por servir à compra de congressistas, à politização da Polícia Federal e das agências reguladoras, ao achincalhamento dos partidos políticos e à tentativa de dobrar qualquer instituição do Estado capaz de se contrapor a seus desmandos".

Pessoas próximas ao presidente não vêem qualquer mal em ter no governo um ex-adversário. "Tanta gente que falava mal do governo hoje está ao ado do Lula. Geddel Vieira Lima (Integração Nacional) talvez seja o exemplo mais perfeito dessa mudança de tempos".

Enquanto uma nova Pasta é criada, a indefinição quanto ao Ministério da Defesa persiste. Durante reunião com o Conselho Político, há três semanas, Lula frisou que não demitirá Waldir Pires enquanto a crise aérea não terminar. "Lula avalia que é pior para Pires sair agora do que agonizar publicamente até a solução do problema".

No mesmo encontro, Lula fez questão de abrir a palavra a todos os integrantes do conselho. O presidente, que criticou duramente os controladores de vôo três dias depois de garantir que eles não seriam punidos pelo motim, estava consciente de que acertara. "Na sexta-feira anterior, Lula achava que estava diante de grevistas normais. Percebeu, depois de conversar com os militares, que era melhor deixar para a Aeronáutica o controle da situação".

Lula também se convenceu de que dois fatores dificultam a sucessão na Defesa: o primeiro, a falta de estrutura da Pasta. Alencar, na época que ocupou o ministério, reclamava que não dispunha sequer de um secretário-executivo. O segundo ponto é a necessidade de encontrar ministro afinado com os militares. Se isso não acontecer, qualquer ministro será defenestrado por rejeição de "corpo estranho", comparou um assessor do presidente.


0 Comentários em “Lula cria Pasta para Mangabeira Unger”

Postar um comentário

 

Consciência Política Copyright © 2011 -- Template created by Consciência Política --