terça-feira, 10 de abril de 2007

Temporão vaiado por apoiar aborto

Ao defender a idéia de convocar a sociedade para debater mudanças na legislação sobre o aborto, o ministro José Gomes Temporão (PMDB-RJ) trouxe para sua recém-iniciada gestão na pasta da Saúde a marca da polêmica. Sentiu isso ontem ao ser hostilizado por uma platéia de 500 pessoas durante o lançamento do Dia Mundial da Saúde, no Ginásio Poliesportivo de Porangaba, em Fortaleza (CE). Com gritos de "O ministério é da Saúde, não da morte", amplificados com a ajuda de um trio elétrico, os manifestantes interromperam o discurso do ministro. Temporão precisou da ajuda de policiais militares para deixar o ginásio.

Apesar de ter escolhido Fortaleza, território petista comandado por Luizianne Lins (PT), para sediar as comemorações pelo Dia Mundial da Saúde, o ministro saiu chamuscado por fogo amigo. O presidente da Frente Parlamentar Contra o Aborto, deputado federal Luiz Bassuma (PT-BA), foi à capital para liderar a manifestação. Ciente da saia justa pela qual o ministro passaria, a prefeita petista mandou seu vice, José Carlos Veneranda (PSB), acompanhar Temporão.

O coordenador da campanha Brasil Sem Aborto, Jaime Ferreira Lopes, também estava presente. Disse que a ausência de Luizianne no evento mostra que a prefeita não quer ser identificada como defensora do aborto. Por ser uma prefeitura do PT, onde o presidente Lula foi mais votado, a prefeita deveria acompanhar o ministro - observou Jaime. - Ele está remando contra a maré, contra a opinião pública.

Em meio à rispidez dos cearenses, Temporão foi diplomático e evitou alimentar a fogueira. Eu nunca disse que sou favorável ao aborto. Tenho quatro filhos, sempre defendi a vida - alegou o ministro. Temporão negou que tenha defendido textualmente a legalização do aborto. Mesmo assim, a insistência em defender a convocação de um plebiscito para discutir o tema mostra uma tendência reformista no discurso:

Como responsável pela saúde da população brasileira, não posso esconder que o aborto é uma questão importante a ser debatida pelo país. Aconteceram, só no ano passado, 220 mil curetagens depois de abortos, de acordo com registros do Sistema Único de Saúde. O ministro justifica a formação de um plebiscito pela necessidade de ouvir a opinião das mulheres sobre o assunto: Minha intenção é exatamente levantar o debate. O aborto é uma cicatriz aberta no país. É uma questão importantíssima do ponto de vista da saúde pública. A discriminação e a tentativa de abafar a realidade levam sofrimento e morte às mulheres.

A manifestação de ontem foi a segunda crítica pública direcionada ao ministro. A Frente Parlamentar Contra o Aborto e os integrantes da campanha Brasil Sem Aborto organizam um cronograma de protestos pelo Brasil. Integrantes de organizações de direito civil, religiosos e políticos do Rio e Brasília foram convocados para os atos de protesto. No dia 4 de julho, o movimento pretende reunir 50 mil pessoa em frente à Esplanada dos Ministérios.

0 Comentários em “Temporão vaiado por apoiar aborto”

Postar um comentário

 

Consciência Política Copyright © 2011 -- Template created by Consciência Política --