quarta-feira, 25 de abril de 2007

Itamaraty previne-se contra novas surpresas do governo boliviano

O Itamaraty trabalha para evitar que o País seja surpreendido novamente pelo governo Evo Morales e reviva, no dia 1º de maio, a ocupação dos ativos da Petrobras em território boliviano pelo exército do país vizinho. Paralelamente, o governo brasileiro busca novos parceiros na área de energia. Quer reduzir a atual dependência do gás natural importado da Bolívia, que hoje representa perto da metade do consumo do combustível no Brasil (cerca de 26 milhões de metros cúbicos por dia). "Independência não é só auto-suficiência. Tem que se caminhar para a diversificação de fornecedores", disse ontem com exclusividade para este jornal o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim. No Dia do Trabalho fará um ano que Morales anunciou a nacionalização das reservas e do processo produtivo de gás natural. Num ato simbólico, mandou suas tropas invadirem as instalações da estatal brasileira.

Como as negociações entre Petrobras e Bolívia sobre a indenização que a empresa tem direito a receber pela perda do controle de seus ativos ainda não foi concluída, setores do empresariado e do governo levantaram a hipótese de o presidente do país andino usar novamente a simbólica data para endurecer as negociações. "Existem entendimentos em curso e todas as indicações que temos é que prevalecerá o bom senso. Espero que nada de pouco sensato ocorra", declarou Amorim. Uma das principais apostas do governo é elevar a presença do gás natural liquefeito (GNL) na matriz energética. Por meio de seu Departamento de Energia, o Ministério das Relações Exteriores prospecta parcerias nos principais países produtores do combustível. Em 2005, o Itamaraty abriu uma embaixada no Catar, detentor da terceira maior reserva de gás natural do mundo. Em outras frentes diplomáticas, a chancelaria brasileira procura oportunidades em Trinidad e Tobago, Nigéria e Líbia. Segundo Amorim, o Brasil prepara uma missão à Argélia.

O Itamaraty também mantém freqüentes contatos com a França e outros países sobre a cooperação em projetos de geração de energia nuclear. Para tirar do papel os contatos feitos pelo governo no exterior, a Petrobras se prepara para estrear no mercado de GNL. A empresa assina hoje um contrato com a Golar LNG Ltd para o afretamento das embarcações para os terminais de GNL da Baía da Guanabara, no Rio, e de Pecém, no Ceará. São duas Unidades Flutuantes de Regaseificação e Armazenamento que podem também ser usadas no transporte do combustível.
Uma das unidades terá capacidade de regaseificar até 14 milhões de metros cúbicos de gás/dia e a outra, até 7 milhões. O custo do afretamento e da operação dos dois navios totalizará US$ 90 milhões/ano.

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