sábado, 24 de março de 2007

Frase de ministro abre crise diplomática

Frase do ministro das Comunicações, Hélio Costa, sobre TV estatal abriu uma crise diplomática entre Brasil e Venezuela Uma frase do ministro Hélio Costa (Comunicações) abriu uma crise diplomática entre Brasil e Venezuela. Abespinhado com as insinuações de que a TV do Executivo, que Lula está prestes a implantar, vai converter-se em máquina de propaganda estatal, Costa afirmou, na última quarta-feira (21):

"TV estatal é o que o Chávez faz, TV estatal é o que se faz em Cuba. TV estatal é o que se fazia na Polônia, TV estatal se fazia na antiga União Soviética. E eu estive em todos esses lugares para saber perfeitamente qual é a diferença entre estatal e pública."

A reação do governo venezuelano veio na forma de uma nota veiculada, nesta sexta-feira (23), no sítio da embaixada da Venezuela em Brasília. Assina-a o embaixador Julio García Montoya, um general que representa o regime de Hugo Chávez no Brasil. O texto classifica as declarações de Hélio Costa de “insultuosas e perigosas.”

“O tom e o contexto no qual o ministro localiza sua afirmação, contra todo o bom senso e respeito que requer o exercício da boa diplomacia”, diz o texto do embaixador, induz a uma “falsa matriz sobre a realidade da mídia venezuelana”: a conclusão de que “meios estatais na Venezuela é igual a instrumento de marketing presidencial.”

“O que nos alivia um pouco o mal-estar por este desatino político e diplomático do ministro Costa”, escreveu o embaixador, “é sua óbvia ignorância sobre o que sucede na Venezuela em matéria de meios de comunicação social, além de sua equivocada conceituação sobre o caráter social dos meios”.

Segue-se uma longa peroração acerca do que seria o sistema estatal de TV da Venezuela. “Consideramos que não tem sentido esclarecer aqui o conceito de televisão privada”, acrescenta o embaixador, “pois este é bem conhecido pelo ministro Costa, que já foi empregado da TV Globo.”

Depois de tachar as comparações de Hélio Costa de “infelizes”, o embaixador reitera o “descontentamento” e anota: “As televisões estatais venezuelanas não são do presidente Hugo Chávez” nem são utilizadas para “a realização de marketing presidencial ou pessoal.”

“Queremos acreditar”, encerra a nota, “que o ministro Costa teve um deslize emocional”. Do contrário, “é óbvio que o governo do Brasil terá de nos dar uma satisfação.” A embaixada discutiu os termos da nota com Caracas. Hugo Chávez aguarda agora por um pedido de desculpas de Hélio Costa ou de alguma outra autoridade do governo do companheiro Lula.

O diabo é que, ao mencionar a rede oficial de TV da Venezuela como um contra-exemplo, o ministro Hélio Costa não poderia ter sido mais feliz. Sob Chávez, o sistema televisivo do Estado não é senão uma máquina a serviço do culto à personalidade. A nota do embaixador ecoou na imprensa da Venezuela.

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