O crescimento econômico nos últimos anos foi maior do que o estimado. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) anunciou a revisão dos números da economia, calculados por nova metodologia de acordo com as recomendações internacionais que dá peso maior ao setor de serviços. Pela nova fórmula, o Produto Interno Bruto (PIB, soma da produção do país) cresceu 2,9% em 2005 e não 2,3%, como divulgado anteriormente.
Coincidência ou não, o novo método fez a economia crescer no governo Lula e cair nos dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso. Segundo dados divulgados pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, o crescimento médio anual do primeiro governo FHC caiu de 2,6% para 2,44%. No segundo mandato, a retração foi de 2,3% para 2,15%. A média dos dois mandatos foi de 2,3%.
“Esses números comprovavam que a economia não estava crescendo naquela época. De 1995 a 2002 houve queda no ritmo de crescimento”, disse Mantega, citando o período de FHC. A performance de Lula, em contrapartida, foi inflada pelo novo método. O crescimento do PIB passou de 0,5% para 1,1% em 2003, de 4,9% para 5,7% em 2004 e de 2,3% para 2,9% em 2005. A estimativa do ministro é que o resultado de 2006 (2,9%) suba para até 3,5%. Dessa forma, a média do primeiro mandato de Lula passará de 2,65% para 3,3%.
Comparação
Mantega deu tamanha importância a esse dado que o apresentou logo depois de fazer poucas considerações iniciais. “É um crescimento um ponto percentual maior (do que a média de FHC).” Segundo ele, a revisão mostrou que a economia está na rota de crescimento sustentável. De acordo com o IBGE, o PIB somou R$ 2,148 trilhões em 2005, um volume 10,9% superior ao valor primeiramente calculado.
Embora Mantega tivesse os números desde 1991, o IBGE só divulgou os dados de 2000 a 2005. Nesse período, o maior ritmo foi o de 2004, que passou de 4,9% para 5,7%. Mesmo surpreso com os números, o economista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) Estevão Kopschitz ponderou que algo em torno de quatro pontos percentuais do aumento de 10,9% do PIB se deve à contabilização de tributos como a Cofins, que passou a ser imposto sobre produto e não sobre a produção.
Na previsão de Mantega, o Brasil pode crescer neste ano mais do que os 4,5% previstos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A Fazenda está esperando a divulgação dos números de 2006, na semana que vem, para rever as estimativas. Na avaliação do ministro, a revisão vai facilitar a obtenção pelo país do investment grade, melhor nota das agências de classificação de risco. Ontem, toda a área econômica do governo se mobilizou para faturar a revisão.
Estabilização
O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, disse que Lula ficou “muito satisfeito”. Segundo Bernardo, o presidente afirmou que os resultados devem servir de estímulo para o governo “melhorar ainda mais e buscar o crescimento sustentável”. O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, fez questão de defender sua criticada política monetária. “O aumento do crescimento entre 2003 e 2005 confirma que o Brasil tem ampliado a capacidade de crescer a partir da estabilização da economia e da inflação baixa e na meta”, disse.
Daqui para frente, no cálculo do PIB, o IBGE vai utilizar pesquisas anuais da indústria, comércio, serviços e construção civil, com informações mais amplas. O segmento de serviços passou a incorporar os fundos de investimentos financeiros e a intermediação financeira sob novos critérios, serviços de informação, atividades cinematográficas, rádios e agências de notícias. Agora, serão 56 atividades econômicas e 110 produtos, em vez de 43 e 80, respectivamente.
“Nós percebíamos uma desconexão entre o resultado do PIB e outros indicadores que tínhamos, como consumo das famílias e renda dos trabalhadores. Agora, as coisas estão no lugar, com mais peso para serviços, seguindo a tendência internacional”, disse Mantega. Os serviços tiveram a participação na composição do índice alterada de 56,3% para 66,7%. A indústria caiu de 36,1% para 27,7% e a agropecuária de 7,7% para 5,6%. (Colaborou Edna Simão)
Brasil: 10º do ranking
O Brasil melhorou sua posição no ranking das maiores economias do mundo com a divulgação da nova metodologia de apuração do Produto Interno Bruto (PIB) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Levantamento elaborado pela consultoria Austin Rating mostra que a soma de todas as riquezas do Brasil, que em dólares passou a US$ 882,13 bilhões e ultrapassou a da Coréia do Sul (US$ 793 bilhões). Com isso, o país subiu da 11ª para 10ª posição no ranking liderado pelos Estados Unidos (US$ 12,486 trilhões).
Segundo o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, o país conseguiu ultrapassar, no período de 2002 a 2005, as economias indiana, australiana, holandesa, além da coreana. Uma comparação mais precisa com os demais países, no entanto, depende da atualização dos dados do FMI (Fundo Monetário Internacional), prevista para abril. Por outro, o economista lamenta a diminuição na taxa de investimento brasileira — fundamental para sustentação de uma expansão econômica mais acelerada no longo prazo — de 19,1% para 16,3% do PIB em 2005 (leia mais na página 19). Essa baixa, segundo ele, deteriora ainda mais a condição do Brasil em relação a economias emergentes como Índia e China, onde essa taxa varia entre 25% e 30%.
Nos cálculos do ministro da Fazenda, Guido Mantega, a economia está numa posição até mais privilegiada do que a apontada pela Austin Rating. Nas estimativas oficiais, o Brasil, em 2005, tomou da Itália o posto de oitava maior economia do mundo pelo critério de paridade de poder de compra. “Passamos folgado a Itália e já estamos encostando na França. Agora, G-8 tem que ser com o Brasil dentro”, disse Mantega em tom triunfalista.
O G-8 é o grupo dos sete países mais industrializados do mundo mais a Rússia, incluída pelo seu peso político-militar. Segundo a Secretaria de Política Econômica, antes da revisão dos números feita pelo IBGE, o PIB brasileiro era equivalente a US$ 1,627 trilhão em 2005 no conceito de paridade do poder de compra. Esse montante colocava o país na nona colocação no ranking. Com os novos números, ele teria passado a algo em torno de US$ 1,805 trilhão, sobrepujando os US$ 1,667 trilhão da França.
Segundo o IBGE, em 2005, o PIB estimado na nova série das Contas Nacionais foi de R$ 2,148 trilhões, o que corresponde a aumento de 10,9% em relação à análise anterior (R$ 1,998 trilhão). Com isso, a expansão da economia brasileira foi de 2,9%, enquanto na série antiga havia sido de 2,3%.
Coincidência ou não, o novo método fez a economia crescer no governo Lula e cair nos dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso. Segundo dados divulgados pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, o crescimento médio anual do primeiro governo FHC caiu de 2,6% para 2,44%. No segundo mandato, a retração foi de 2,3% para 2,15%. A média dos dois mandatos foi de 2,3%.
“Esses números comprovavam que a economia não estava crescendo naquela época. De 1995 a 2002 houve queda no ritmo de crescimento”, disse Mantega, citando o período de FHC. A performance de Lula, em contrapartida, foi inflada pelo novo método. O crescimento do PIB passou de 0,5% para 1,1% em 2003, de 4,9% para 5,7% em 2004 e de 2,3% para 2,9% em 2005. A estimativa do ministro é que o resultado de 2006 (2,9%) suba para até 3,5%. Dessa forma, a média do primeiro mandato de Lula passará de 2,65% para 3,3%.
Comparação
Mantega deu tamanha importância a esse dado que o apresentou logo depois de fazer poucas considerações iniciais. “É um crescimento um ponto percentual maior (do que a média de FHC).” Segundo ele, a revisão mostrou que a economia está na rota de crescimento sustentável. De acordo com o IBGE, o PIB somou R$ 2,148 trilhões em 2005, um volume 10,9% superior ao valor primeiramente calculado.
Embora Mantega tivesse os números desde 1991, o IBGE só divulgou os dados de 2000 a 2005. Nesse período, o maior ritmo foi o de 2004, que passou de 4,9% para 5,7%. Mesmo surpreso com os números, o economista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) Estevão Kopschitz ponderou que algo em torno de quatro pontos percentuais do aumento de 10,9% do PIB se deve à contabilização de tributos como a Cofins, que passou a ser imposto sobre produto e não sobre a produção.
Na previsão de Mantega, o Brasil pode crescer neste ano mais do que os 4,5% previstos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A Fazenda está esperando a divulgação dos números de 2006, na semana que vem, para rever as estimativas. Na avaliação do ministro, a revisão vai facilitar a obtenção pelo país do investment grade, melhor nota das agências de classificação de risco. Ontem, toda a área econômica do governo se mobilizou para faturar a revisão.
Estabilização
O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, disse que Lula ficou “muito satisfeito”. Segundo Bernardo, o presidente afirmou que os resultados devem servir de estímulo para o governo “melhorar ainda mais e buscar o crescimento sustentável”. O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, fez questão de defender sua criticada política monetária. “O aumento do crescimento entre 2003 e 2005 confirma que o Brasil tem ampliado a capacidade de crescer a partir da estabilização da economia e da inflação baixa e na meta”, disse.
Daqui para frente, no cálculo do PIB, o IBGE vai utilizar pesquisas anuais da indústria, comércio, serviços e construção civil, com informações mais amplas. O segmento de serviços passou a incorporar os fundos de investimentos financeiros e a intermediação financeira sob novos critérios, serviços de informação, atividades cinematográficas, rádios e agências de notícias. Agora, serão 56 atividades econômicas e 110 produtos, em vez de 43 e 80, respectivamente.
“Nós percebíamos uma desconexão entre o resultado do PIB e outros indicadores que tínhamos, como consumo das famílias e renda dos trabalhadores. Agora, as coisas estão no lugar, com mais peso para serviços, seguindo a tendência internacional”, disse Mantega. Os serviços tiveram a participação na composição do índice alterada de 56,3% para 66,7%. A indústria caiu de 36,1% para 27,7% e a agropecuária de 7,7% para 5,6%. (Colaborou Edna Simão)
Brasil: 10º do ranking
O Brasil melhorou sua posição no ranking das maiores economias do mundo com a divulgação da nova metodologia de apuração do Produto Interno Bruto (PIB) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Levantamento elaborado pela consultoria Austin Rating mostra que a soma de todas as riquezas do Brasil, que em dólares passou a US$ 882,13 bilhões e ultrapassou a da Coréia do Sul (US$ 793 bilhões). Com isso, o país subiu da 11ª para 10ª posição no ranking liderado pelos Estados Unidos (US$ 12,486 trilhões).
Segundo o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, o país conseguiu ultrapassar, no período de 2002 a 2005, as economias indiana, australiana, holandesa, além da coreana. Uma comparação mais precisa com os demais países, no entanto, depende da atualização dos dados do FMI (Fundo Monetário Internacional), prevista para abril. Por outro, o economista lamenta a diminuição na taxa de investimento brasileira — fundamental para sustentação de uma expansão econômica mais acelerada no longo prazo — de 19,1% para 16,3% do PIB em 2005 (leia mais na página 19). Essa baixa, segundo ele, deteriora ainda mais a condição do Brasil em relação a economias emergentes como Índia e China, onde essa taxa varia entre 25% e 30%.
Nos cálculos do ministro da Fazenda, Guido Mantega, a economia está numa posição até mais privilegiada do que a apontada pela Austin Rating. Nas estimativas oficiais, o Brasil, em 2005, tomou da Itália o posto de oitava maior economia do mundo pelo critério de paridade de poder de compra. “Passamos folgado a Itália e já estamos encostando na França. Agora, G-8 tem que ser com o Brasil dentro”, disse Mantega em tom triunfalista.
O G-8 é o grupo dos sete países mais industrializados do mundo mais a Rússia, incluída pelo seu peso político-militar. Segundo a Secretaria de Política Econômica, antes da revisão dos números feita pelo IBGE, o PIB brasileiro era equivalente a US$ 1,627 trilhão em 2005 no conceito de paridade do poder de compra. Esse montante colocava o país na nona colocação no ranking. Com os novos números, ele teria passado a algo em torno de US$ 1,805 trilhão, sobrepujando os US$ 1,667 trilhão da França.
Segundo o IBGE, em 2005, o PIB estimado na nova série das Contas Nacionais foi de R$ 2,148 trilhões, o que corresponde a aumento de 10,9% em relação à análise anterior (R$ 1,998 trilhão). Com isso, a expansão da economia brasileira foi de 2,9%, enquanto na série antiga havia sido de 2,3%.