terça-feira, 27 de março de 2007

Melhoras

a taxa de juros dos empréstimos bancários cobrada das pessoas físicas e empresas atingiu o menor nível desde junho de 2000. De janeiro para fevereiro, os juros médios tiveram um ligeiro recuo, passando de 39,9% para 39,7% ao ano. A baixa só não foi maior porque os bancos não repassaram integralmente aos seus clientes, pelo menos nos dois primeiros meses deste ano, a queda da taxa básica de juros (Selic), atualmente em 12,75% ao ano. Com isso, um dos principais componentes dos lucros dos bancos, o chamado spread bancário (diferença entre a taxa paga pela instituição financeira para captar recursos e a que ele cobra de seus clientes) teve uma ligeira alta passando de 27,4 para 27,6 pontos percentuais.

O chefe do Departamento Econômico (Depec) do Banco Central (BC), Altamir Lopes, defendeu que os bancos repassaram os benefícios da queda dos juros feitas pelo Comitê de Política Monetária (Copom). Segundo ele, de setembro de 2005 até fevereiro, a Selic teve uma queda de 675 pontos (sem incluir a queda de 0,25 da Selic neste mês) e os juros dos empréstimos apresentaram recuo de 848 pontos no período. Ou seja, uma redução de 170 pontos no spread bancário. Para Lopes, a ligeira elevação do spread em fevereiro — concentrada nos créditos para pessoas jurídicas — se deve ao fato de que muitas pequenas e médias empresas estão buscando captar recursos no mercado. “O aumento é pontual e deve continuar a cair”, afirma. “É um efeito absolutamente estatístico”, reforça.

No caso da pessoa física, cujo o spread bancário recuou de 40 para 39,6 pontos percentuais de janeiro para fevereiro, a baixa só não foi mais pronunciada devido ao grande processo de maior acesso da população aos serviços bancários, que pode resultar no aumento da inadimplência. Pelo menos nesse período, a taxa média de inadimplência caiu de 5% para 4,9%. “Com novos agentes entrando e sem histórico de risco acaba fazendo com que os gastos com avaliação de risco aumentam”, explica Lopes. Ele está confiante de que assim que medidas adotadas pelo governo — como a possibilidade da transferência de um crédito de um banco para outro (portabilidade) e Lei de Falências forem colocadas em prática —, o spread bancário terá uma considerável redução.

Juros ainda elevados
A taxa de juros cobrada às pessoas físicas pelos bancos chegou a 51,7% em fevereiro — a menor desde julho de 1994, quando o BC começou a acompanhar esse número. No mês anterior, os juros cobrados eram de 52,3% ao ano. Esse número continua num patamar muito elevado devido às altas taxas do cheque especial. Em fevereiro, o custo mensal dessa modalidade de crédito chegou a 141,2% ao ano — a mais baixa desde outubro de 2004 (141,1%).

O chefe do Depec admite que os juros continuam altos, porém, ressaltou que já foram bem mais altos. Por exemplo, em julho de 1994, a taxa do cheque especial chegava a 294% ao ano. “O problema é que a taxa de juros era alta demais. Agora, é alta”, afirma Lopes. Ele lembrou ainda que o país se aproxima da taxa mais baixa já cobrada no cheque especial, que foi de 138,8% em dezembro de 1999. Nos dois primeiros meses do ano, as transações com cheque especial tiveram uma alta de 3,8%, passando de R$ 13,312 bilhões em janeiro para R$ 13,821 bilhões em fevereiro. A procura aumentou porque as famílias usaram o cheque especial e cartão de crédito para honrar despesas de início do ano, como mensalidades escolares e tributos.


Mercado quase estável

A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou ontem em leve alta, acompanhando o movimento das bolsas norte-americanas. O Ibovespa subiu 0,25%, aos 45.644 pontos e volume financeiro de R$ 2,7 bilhões. Acompanhando o ritmo calmo do mercado, o dólar fechou o dia praticamente estável, com queda de 0,05%, sendo vendido a R$ 2,061. O risco-país, que na sexta-feira havia registrado recorde de baixa aos 172 pontos, registrava no final da tarde leve alta de 0,58%, a 173 pontos.

No início do dia, os mercados haviam se assustado com a divulgação, nos Estados Unidos, de dados que mostraram a queda de 3,9% nas vendas de novas moradias — os analistas esperavam uma alta de 6,7%. No entanto, os pregões norte-americanos se recuperaram, amparados nas ações das empresas de tecnologia, o que puxou as demais bolsas para cima ao longo da segunda-feira.

Em dia de mercado quase estável, o petróleo deu um susto nos investidores. Em Nova York, o preço do barril fechou em US$ 62,91, a maior cotação do ano. Segundo analistas, o aumento repercute as tensões sobre o programa nuclear do Irã e a detenção de 15 militares britânicos pelo governo do país. O Irã é o quarto maior produtor mundial de petróleo e uma eventual suspensão de suas exportações pressionaria os preços no mercado global.

O Ibovespa, que ao longo do dia chegou a cair 1,25%, também foi ajudado pela alta de 1,8% nas ações da estatal Petrobras e de 1,27% nos papéis da Companhia Vale do Rio Doce. Em contrapartida, os destaques negativos foram as ações da TAM e da Gol, que despencaram 5,45% e 3,16%, respectivamente. No caso da TAM, a forte queda é resultado da redução, pelo banco Morgan Stanley, da recomendação para a compra dos papéis para underweight (abaixo da média do mercado).

Mais espaço para crescer

A nova metodologia de cálculo do Produto Interno Bruto adotada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) deve provocar uma redução de pelo menos três pontos percentuais na proporção de volume de operações de crédito total do país. O aumento do crédito é fundamental para estimular o crescimento econômico. Ontem, o Banco Central divulgou que, em fevereiro, as operações de crédito representavam 34,6% do PIB. Cálculos do analista da consultoria Tendências, Denis Blum, mostram que com a nova metodologia do IBGE, esse número deve cair para 31,6%.

Com esses números, o Brasil se distância ainda mais dos países desenvolvidos, onde a relação dívida/PIB ultrapassa a marca dos 100%. Na Alemanha, por exemplo, a relação crédito/PIB correspondia a 112% em 2004. Já em relação ao países emergentes, o Brasil perde para o Chile (63%), mas ganha do México (17%). “Mas o importante é que o crédito deve continuar crescendo”, afirma Blum.

O economista-chefe da Fator Corretora, Vladimir Caramaschi, explicou que a queda da relação crédito/PIB no país não deve ser vista como uma notícia ruim. “Mostra que ainda há muito potencial de crescimento do crédito no país. Se a expectativa era de que o fôlego do crédito diminuísse, agora essa expectativa deve mudar”, diz Caramaschi.

O BC divulgou ontem que o total de empréstimos concedidos pelo sistema financeiro passou de R$ 739,330 bilhões (34,4% do PIB) para R$ 747,360 bilhões (34,6% do PIB). Segundo o chefe do Departamento Econômico (Depec) do BC, Altamir Lopes, o aumento está relacionado a créditos feitos por famílias para financiar as despesas concentradas no início do ano.

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