Se de fato for indicada ministra para a pasta do Turismo, Marta Suplicy terá alguns desafios pela frente. Em primeiro lugar, não permitir que a comparação com seu antecessor - Walfrido dos Mares Guia - tido como um dos mais bem-sucedidos ministros de Lula em seu primeiro mandato, torne-se para ela um fator de desprestígio. Noutras palavras, da ex-prefeita paulistana será cobrado um desempenho no mínimo equivalente ao de seu predecessor, sob o risco de ter sua passagem pelo ministério transformada num problema, ao invés de um recurso, para seus futuros planos políticos. Isto é válido sobretudo no caso de Marta disputar a Prefeitura de São Paulo em 2008 - uma eleição para a qual suas realizações à frente da pasta dificilmente poderão ser instrumentalizadas de forma direta.
Ida para o Turismo é escolha bem arriscada
Em segundo lugar, a ex-prefeita assume um ministério que é claramente tido como de "segunda linha" na Esplanada. Afinal de contas, os recursos disponíveis para o Turismo não se comparam aos mais polpudos orçamentos de Educação, Saúde, Transportes, Minas e Energia, Integração Nacional ou Cidades; a visibilidade da pasta é muito menor do que Desenvolvimento Econômico, Defesa, Relações Exteriores, Meio Ambiente, Comunicações ou Agricultura; e sua importância estratégica é tremendamente menor do que Fazenda, Casa Civil, Justiça, Previdência ou Planejamento. Caso se confirme a transferência da Infraero para a pasta, o que ainda é posto em dúvida por muitos, ao menos Marta contará com um órgão da administração indireta que dispõe de vultosos recursos. No período seguinte ao do "apagão aéreo" e dos problemas em Congonhas, seria uma ótima oportunidade para a ex-prefeita tentar mostrar serviço numa área sensível, além de poder municiar com algo mais palpável boa parte dos membros de seu agrupamento dentro do PT, preparando-se assim para as próximas eleições. Se, contudo, tal transferência não se confirmar, os benefícios políticos serão bem mais reduzidos.
Em terceiro lugar, após as insistentes pressões do PT sobre Lula para que Marta ocupasse um lugar de destaque no gabinete do segundo mandato de Lula, ameaçando desalojar inclusive o bem-avaliado petista Fernando Haddad na Educação, ou o igualmente bem avaliado e aliado ministro das Cidades, Márcio Fortes, a aceitação da mais modesta pasta do Turismo passa a nítida impressão de que a ex-prefeita obteve um "prêmio de consolação", dado a uma correligionária que se contentaria com qualquer cargo, desde que obtivesse algum. Não se trata exatamente de uma imagem favorável a uma liderança que, mesmo tendo saído derrotada da tentativa de reeleição à Prefeitura de São Paulo, ainda figurava com razoável destaque na seara petista, sobretudo após o abate de tantas lideranças importantes do partido no período que se seguiu ao "mensalão". Isto talvez seja outro fator a pesar negativamente para os planos futuros de retomada da carreira política da prefeita em postos mais importantes do que aquele que ela agora aceita.
Aliás, sob esse aspecto, é interessante notar como no novo ministério de Lula, os petistas em postos mais importantes são sobretudo figuras percebidas mais como "técnicas" do que como "políticas", com as exceções de Tarso Genro, na Justiça, e Paulo Bernardo, no Planejamento. É o caso de Dilma Rousseff, na Casa Civil, Guido Mantega, na Fazenda, e Fernando Haddad, na Educação. Uma outra estrela petista da seara política, Marina Silva, também ocupa um ministério de menor importância, mas que se adequa perfeitamente ao perfil de sua militância política, indissociável da causa ecológica. E pelo que se mostra como uma tendência crescente diante do aumento da percepção sobre o problema do aquecimento global, a pasta de Marina poderá ganhar ainda maior relevo durante o segundo mandato de Lula. Bom para a ministra, que nunca deixou de ter algum destaque durante a primeira administração e, mantendo o ritmo, poderá alçar vôos mais altos um pouco mais à frente.
Por todas essas razões, a assunção do Ministério do Turismo é desafiadora para Marta Suplicy. A ex-prefeita não é do ramo (como Marina ou Gilberto Gil), não dispõe de uma pasta poderosa ou influente (como Mantega ou Genro), nem de orçamentos polpudos (como Haddad ou Temporão). Desse modo, torna-se difícil compreender a decisão de Marta Suplicy, a não ser que a atribuamos a uma de três razões (não necessariamente excludentes entre si): devotamento ao partido ou ao país, desejo de um cargo ou erro de cálculo. Caso se trate de um dos dois casos de devotamento, podemos esperar que a ex-prefeita prestará importantes serviços à nação em sua passagem pelo novo posto; no caso da segunda, o mesmo não é verdadeiro. Já se a terceira razão for a correta, podemos nos questionar se a prefeita não faria melhor à sua carreira política aguardando as próximas eleições numa atuação que se restringisse à partidária. Poderia com certeza poupar-se de dissabores significativos.
Ida para o Turismo é escolha bem arriscada
Em segundo lugar, a ex-prefeita assume um ministério que é claramente tido como de "segunda linha" na Esplanada. Afinal de contas, os recursos disponíveis para o Turismo não se comparam aos mais polpudos orçamentos de Educação, Saúde, Transportes, Minas e Energia, Integração Nacional ou Cidades; a visibilidade da pasta é muito menor do que Desenvolvimento Econômico, Defesa, Relações Exteriores, Meio Ambiente, Comunicações ou Agricultura; e sua importância estratégica é tremendamente menor do que Fazenda, Casa Civil, Justiça, Previdência ou Planejamento. Caso se confirme a transferência da Infraero para a pasta, o que ainda é posto em dúvida por muitos, ao menos Marta contará com um órgão da administração indireta que dispõe de vultosos recursos. No período seguinte ao do "apagão aéreo" e dos problemas em Congonhas, seria uma ótima oportunidade para a ex-prefeita tentar mostrar serviço numa área sensível, além de poder municiar com algo mais palpável boa parte dos membros de seu agrupamento dentro do PT, preparando-se assim para as próximas eleições. Se, contudo, tal transferência não se confirmar, os benefícios políticos serão bem mais reduzidos.
Em terceiro lugar, após as insistentes pressões do PT sobre Lula para que Marta ocupasse um lugar de destaque no gabinete do segundo mandato de Lula, ameaçando desalojar inclusive o bem-avaliado petista Fernando Haddad na Educação, ou o igualmente bem avaliado e aliado ministro das Cidades, Márcio Fortes, a aceitação da mais modesta pasta do Turismo passa a nítida impressão de que a ex-prefeita obteve um "prêmio de consolação", dado a uma correligionária que se contentaria com qualquer cargo, desde que obtivesse algum. Não se trata exatamente de uma imagem favorável a uma liderança que, mesmo tendo saído derrotada da tentativa de reeleição à Prefeitura de São Paulo, ainda figurava com razoável destaque na seara petista, sobretudo após o abate de tantas lideranças importantes do partido no período que se seguiu ao "mensalão". Isto talvez seja outro fator a pesar negativamente para os planos futuros de retomada da carreira política da prefeita em postos mais importantes do que aquele que ela agora aceita.
Aliás, sob esse aspecto, é interessante notar como no novo ministério de Lula, os petistas em postos mais importantes são sobretudo figuras percebidas mais como "técnicas" do que como "políticas", com as exceções de Tarso Genro, na Justiça, e Paulo Bernardo, no Planejamento. É o caso de Dilma Rousseff, na Casa Civil, Guido Mantega, na Fazenda, e Fernando Haddad, na Educação. Uma outra estrela petista da seara política, Marina Silva, também ocupa um ministério de menor importância, mas que se adequa perfeitamente ao perfil de sua militância política, indissociável da causa ecológica. E pelo que se mostra como uma tendência crescente diante do aumento da percepção sobre o problema do aquecimento global, a pasta de Marina poderá ganhar ainda maior relevo durante o segundo mandato de Lula. Bom para a ministra, que nunca deixou de ter algum destaque durante a primeira administração e, mantendo o ritmo, poderá alçar vôos mais altos um pouco mais à frente.
Por todas essas razões, a assunção do Ministério do Turismo é desafiadora para Marta Suplicy. A ex-prefeita não é do ramo (como Marina ou Gilberto Gil), não dispõe de uma pasta poderosa ou influente (como Mantega ou Genro), nem de orçamentos polpudos (como Haddad ou Temporão). Desse modo, torna-se difícil compreender a decisão de Marta Suplicy, a não ser que a atribuamos a uma de três razões (não necessariamente excludentes entre si): devotamento ao partido ou ao país, desejo de um cargo ou erro de cálculo. Caso se trate de um dos dois casos de devotamento, podemos esperar que a ex-prefeita prestará importantes serviços à nação em sua passagem pelo novo posto; no caso da segunda, o mesmo não é verdadeiro. Já se a terceira razão for a correta, podemos nos questionar se a prefeita não faria melhor à sua carreira política aguardando as próximas eleições numa atuação que se restringisse à partidária. Poderia com certeza poupar-se de dissabores significativos.