quinta-feira, 22 de março de 2007

Prisão de controlador de vôo agrava crise em Salvador

O clima é de apreensão entre os controladores de vôo do Aeroporto Internacional de Salvador, depois que um controlador teve a prisão administrativa decretada no sábado, acusado de transgredir o código disciplinar militar. Outros fatores colaboram com a crise, como o afastamento de outro controlador, que é membro da associação dos profissionais da área, o ambiente de trabalho hostil e a falta de qualificação de alguns dos trabalhadores do setor. “Os passageiros estão correndo riscos”, disse o controlador afastado, que não quis se identificar. “O clima está muito tenso.”

Segundo ele, o nervosismo começou há cerca de três meses, na época do apagão aéreo. “Nossa categoria começou a mostrar os benefícios que a transição do controle aéreo para os civis traria, o que motivou um início de perseguição, ainda que velada”, afirmou. “Fui o primeiro a ser afastado, pouco antes do carnaval, e até agora não me foi explicado o motivo disso”, contou o profissional, com 21 anos de experiência.


O controlador afastado disse acreditar que a prisão do colega, no sábado, “é mais uma prova da perseguição”. “Ele é um cidadão tranqüilo. Forjaram coisas para incriminá-lo”, acusou. Segundo colegas do controlador preso, ele foi acusado de transgressão por apontar, em relatório, problemas enfrentados no local, como a incapacidade de colegas para trabalhar nas funções que estão desempenhando. “Ele listou coisas que todo mundo sabe, nada demais”, conta um colega, que também não quis se identificar.


A Aeronáutica não confirma o motivo da prisão, pois alega querer preservar o profissional. Segundo os colegas do controlador, a punição deve se encerrar no dia 27.


Insatisfação


Em Brasília, os representantes das Associações dos Controladores de Tráfego Aéreo do País estão preocupados com a demora do governo federal em apresentar solução para os problemas técnicos do setor e as respostas para as reivindicações da categoria, que defende a desmilitarização. A falta de soluções e explicações “subiu a temperatura” entre os militares e civis que trabalham no tráfego aéreo. Um dos representantes, ouvido pelo jornal O Estado de S. Paulo, falou da revolta da categoria. “Estamos há cinco meses sem ver acontecer nada no setor, sem nenhuma melhoria. A possibilidade de outro acontecimento, de surgimento de um outro problema grave, infelizmente, é muito grande”, advertiu. Ele ressaltou que os controladores não querem deixar a população assustada. “Mas é preciso que se saiba que, de lá para cá, nada mudou e os riscos continuam.”


As associações de controladores vão pedir às associações de pilotos que passem a relatar também os problemas que enfrentam durante os vôos, particularmente as dificuldades de comunicações. Mas ouviram dos comandantes que eles evitam fazê-lo pois temem represálias da Aeronáutica.

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