segunda-feira, 5 de março de 2007

Garotinho quer vigiar Cabral

Sem mandato, o ex-governador Anthony Garotinho propôs montar um gabinete paralelo na liderança do PMDB na Assembléia Legislativa para ter informações privilegiadas da gestão do neo-inimigo, o governador Sérgio Cabral. Presidente do partido no Rio, Garotinho queria usar a máquina da liderança da legenda de maior bancada na Alerj com o objetivo de erguer uma trincheira tanto para se defender de possíveis ataques de Cabral ao governo da mulher, Rosinha Matheus, quanto para acumular munição e atacar.


O plano arquitetado pelo ex-governador previa a nomeação de pessoas de confiança na grande maioria dos 10 cargos destinados ao líder do PMDB na Casa. Assim, teria livre acesso ao Sistema Integrado de Administração Financeira do Estado (Siafem). Poderia acompanhar de perto a execução financeira de projetos, colocar os funcionários para fazerem pesquisas específicas, criticar promessas de campanha não cumpridas do ex-aliado e até procurar supostas irregularidades no atual governo.

Garotinho chegou a comentar com interlocutores que tinha a intenção de instalar no gabinete paralelo a aliada Beth Amaral, espécie de eminência parda dos governos do próprio Garotinho (1999-2002) e Rosinha (2003-2006). Durante oito anos, Beth bateu ponto na ante-sala do casal no Palácio Guanabara. Nenhum projeto de Estado ou nomeação para qualquer cargo passava sem a anuência dela.

Para pôr em prática a estratégia de guerrilha contra Cabral e tentar garantir a sobrevivência política, Garotinho contou a aliados que só confiava em duas pessoas: o líder do governo Rosinha na Alerj, Noel de Carvalho, e Edson Albertassi, presidente da poderosa Comissão de Orçamento da Casa. Coincidência ou não, o primeiro foi neutralizado por Cabral, ao ser nomeado secretário de Habitação. Apesar de muito ligado e com acesso direto a Garotinho, Noel assumiu uma secretaria sem muito poder financeiro e carente de projeto de gestão definido, embora só no Rio haja déficit habitacional de 700 mil moradias. O JB procurou Noel para comentar a estratégia de Garotinho, mas ele não retornou as ligações.

Edson Albertassi confirma o convite feito por Garotinho para assumir a liderança do PMDB. Não confirma, entretanto, nenhum pedido de cargos feito pelo presidente do partido.

- É tudo especulação. Realmente, fui convidado tanto pelo ex-governador Garotinho quanto pelo atual, Sérgio Cabral para assumir a liderança do PMDB - disse. - Mas optei por permanecer na Comissão de Orçamento. Acho que serei mais útil lá, onde pretendo aprimorar o trabalho que faço há quatro anos.

Aparecida Gama foi alçada ao cargo de líder do partido apenas no dia 12 de fevereiro, quase duas semanas depois do início do ano legislativo.


- O ex-governador não me indicou ninguém - disse Aparecida. - Tenho uma relação normal com Garotinho. Não tenho nada contra. Mais da metade dos meus votos são do interior. Ele e Rosinha fizeram muito por lá. Se Garotinho me indicasse algum técnico bom, não teria problema de trabalhar com essa pessoa.

Nas nomeações feitas por ela para a liderança do PMDB, publicadas no Diário Oficial do Legislativo desde o dia 13. Não constam nomes ligados - pelo menos diretamente - ao ex-governador Garotinho. Considerada de perfil mais independente, a nomeação de Aparecida Gama teve apoio de Sérgio Cabral - antigo companheiro de Assembléia - e do presidente da Casa, Jorge Picciani.

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