O período de 27 meses entre a demissão e a volta à ex-Febem da agente de apoio técnico Carla (nome fictício) foi marcado por depressão, dívidas _seu nome foi parar no SPC_, abandono da faculdade e retorno à casa dos pais.
Ela está entre os últimos 924 funcionários reintegrados em junho. Ao ser encaminhada por psicólogos da instituição, recebeu licença médica. "Até agora não consegui me recuperar."
Em 17 de dezembro de 2005, data do anúncio da demissão em massa, ela estava em férias. Carla tinha conseguido a transferência para uma unidade do litoral, onde começaria a cursar faculdade, e tinha recém-mobiliado seu novo apartamento.
Foi demitida sem ter sofrido nenhum processo administrativo ou denúncia de agressão. "Passava o dia inteiro em frente à televisão, esperando notícias das demissões. Comecei a não sair mais de casa."
Com depressão e sem dinheiro, voltou para a casa dos pais. As dívidas com o banco fizeram seu nome ir parar no SPC.
Segundo ela, foi tachada de torturadora até por pessoas mais próximas. "Até os próprios familiares olhavam para a gente desconfiados. Você era torturadora ou não?". Ela entrou com ação por danos morais, mas perdeu na primeira instância.
O casal João e Cláudia (também nomes fictícios) chegou a ser demitido duas vezes _a fundação chegou a recontratar alguns dispensados para ocupar cargos de confiança.
"Afixaram a lista com os demitidos no bar em frente à unidade. Disseram que eu não tinha o perfil para trabalhar na fundação. Me trataram como um torturador", lembra João.
O dinheiro da rescisão contratual acabou rápido, e o nome dos dois foi parar no SPC. Em julho de 2005, no entanto, eles foram reintegrados porque tinham mais de três anos de fundação. Também entraram com ações por danos morais, mas ainda não houve decisão em primeira instância.