O aumento do prazo de financiamento no varejo, o dólar em queda reduzindo os preços de componentes eletrônicos e a mudança de hábito do brasileiro fizeram com que o número de internautas com acesso à internet em casa aumentasse 43,7% em um ano. Segundo a Ibope/NetRatings, 30,1 milhões de brasileiros tinham acesso à internet em casa em outubro. Desses, 20 milhões efetivamente navegaram na rede no mês, 1% a menos que em setembro.
"Significa que temos 30 milhões de pessoas com acesso a comércio eletrônico, a transações pela internet e à educação", diz o gerente de análise de mercado do Ibope, Alexandre Sanches Magalhães. O acesso à web em geral subiu 21%, alcançando 39 milhões de pessoas em outubro. Ou seja, é o aumento da navegação em casa, principalmente entre as classes C e D, que está alavancando o crescimento da internet como um todo. Segundo a consultoria IDC, a venda de computadores em geral deve crescer 25,4% neste ano em relação a 2006, alcançando 8,9 milhões de unidades. Os notebooks, geralmente usados para se conectar à web, devem vender 140% mais, chegando a 1,4 milhão de unidades.
"O primeiro passo é comprar um computador, o segundo, pôr internet, nem que seja discada", diz o analista de tecnologia do JP Morgan, André Baggio. Magalhães lembra que hoje quase 90% dos computadores brasileiros têm acesso à web. O próximo passo no uso da internet, para a coordenadora de pesquisas do Provar, Patrícia Vance, é "sair do Orkut, do MSN e ir para o e-commerce".
Para os analistas, o dólar baixo e os financiamentos cada vez maiores ajudaram as vendas a se manterem aquecidas nos últimos anos. "Em 2004, 2005, tínhamos máquinas parceladas em seis vezes, hoje já temos em até 24. Não sei como será este Natal, mas acho que o prazo vai aumentar", diz o analista sênior de mercado da IDC, Reinaldo Sakis. A "MP do Bem", que reduziu a alíquota de IPI sobre os computadores, também teve efeito direto.
Com a perspectiva de aumento para as vendas, a tendência é que o número de internautas suba também. Segundo Sakis, antes de 2011 a participação dos notebooks nas vendas de computadores deve subir dos atuais 18% para mais de 50%. A pesquisa também mostrou que as mulheres são 49,05% dos navegadores, crescimento de dez pontos percentuais em relação a setembro de 2000. "As empresas já perceberam isso e estão desenvolvendo mais conteúdo de saúde e beleza, por exemplo", diz Magalhães.