terça-feira, 11 de dezembro de 2007

País mostra ao Primeiro Mundo suas experiências com florestas


Passados 70 anos da publicação de Nordeste, a obra em que o sociólogo pernambucano Gilberto Freyre alerta para a destruição das matas e a poluição das águas provocadas pela nascente economia açucareira das usinas de cana-de-açúcar, a Fundação Gilberto Freyre, fundada no Recife pouco antes da sua morte, há vinte anos, leva para a Europa o Seminário Florestas do Brasil. Este é o quarto ano consecutivo em que os idealizadores do projeto, o economista Josué Mussalém, da MRSA Consultoria, e o administrador Gilberto Freyre Neto, mostram ao Primeiro Mundo algumas das experiências oficiais para conservar e tirar proveito econômico das florestas brasileiras.

Depois de apresentada em novembro, na Camera di Commercio di Milano, a versão 2007 do seminário será levada quarta-feira ao Instituto Cervantes, em Munique, numa segunda edição solicitada pela Embaixada Brasileira na Alemanha. O projeto teve patrocínios do Governo de Pernambuco, do Ministério da Ciência e Tecnologia e da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), e o apoio do Consulado do Brasil em Milão e do Consulado Geral de Munique.

Como na Itália, o evento deverá reunir empresários, políticos e representantes de governos – potenciais investidores nas florestas brasileiras. "Pretendemos ser a vitrine de uma imagem positiva do Brasil na gestão ambiental e mudar o conceito de que não somos conservadores ambientais. Temos ainda um objetivo subliminar que é mostrar que continuamos a exercer o controle de nossas riquezas naturais, embora Al Gore e outras autoridades mundiais e ONGs continuem pensando que o Brasil é internacional", afirma Mussalém.

Entre os palestrantes, o diretor de negócios da Agência de Desenvolvimento Sustentável da Amazônia, João Tezza, que irá falar das oportunidades de negócios aliadas ao desenvolvimento sustentável num Estado que se prepara para usufruir da floresta amazônica com a venda de crédito de carbono. Segundo Mussalém, o Amazonas vem provando que a proteção ambiental é política do governo com a redução do desmatamento de 9% para 1%. O secretário executivo da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, o urbanista João Rugger, apresentará o tema Florestas do Brasil – disseminação ecológica, cadeia econômica e produtiva e a experiência na Mata Atlântica. A diretora da Fundação Florestal de São Paulo, a arquiteta e urbanista, Marília de Moraes complementa a temática falando da legislação ambiental e do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC). "A expectativa é que deter o controle da Amazônia será fundamental para isso", disse o economista, que é coordenador geal do evento.

Experiência Mineira

O diretor geral do Instituto Estadual de Florestas, de Minas Gerais, Humberto Candeias, leva ao seminário a experiência mineira da extração do óleo de candeia, árvore nativa, de onde se tira o Alfabisabolol, substância usada em cosméticos e produtos farmacêuticos e que tem um mercado promissor: enquanto o quilo do óleo custa de US$ 18 a US$ 25, o Alfabisabolol passa do dobro variando entre US$ 35 e US$ 50 o quilo. Mas além de oportunidades de negócios, Candeias mostrará que o estado está armado para combater incêndios florestais, com 2.500 brigadistas, sete aviões de lançamento de água e três helicópteros, além de contar com projetos de conservação do cerrado e recomposição da Mata Atlântica com um aumento de 50% das áreas das Unidades de Conservação em quatro anos.

Para Gilberto Freyre Neto, a expectativa é baseada nos elos criados com agências de cooperação e universidades que interessaram-se por nossas florestas e seus recursos a partir dos seminários anteriores realizados em Bruxelas ( 2004), Paris e Haia (2005), Berlim e Munique, em 2006.

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