Em exatos três minutos, ladrões levaram na madrugada de ontem dois quadros de Picasso e Candido Portinari do maior museu da América Latina. Segundo a polícia, três homens que não estavam encapuzados aproveitaram o horário de troca de guardas para invadir o Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp) e roubar as obras. Um dos maiores furtos de obras de arte da história do país foi registrado pelas câmeras de segurança, e as gravações já estão em poder da polícia.
A gravidade do caso levou o Masp a acionar a Polícia Federal, a Interpol e o Itamaraty, além de instaurar sindicância interna para apurar possível envolvimento de funcionários.
De acordo com a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo, a ação aconteceu precisamente entre as 5h09 e 5h12. Nota divulgada pelo Masp informou que as obras estavam em exibição no segundo andar, em salas separadas e distantes, "caracterizando, portanto, alvos específicos da ação".
Não há um consenso sobre o valor das obras furtadas. Para a Sotheby"s no Brasil, a maior casa de leilões do mundo, a obra de Picasso está avaliada em US$ 25 milhões e a de Portinari, em US$ 2 milhões. Já Jones Bergamin, da Bolsa de Artes do Rio, afirma que o Portinari está avaliado em US$ 5,5 milhões e o Picasso, em US$ 50 milhões.
Quando os ladrões entraram no museu, os quatro vigias, que trabalham desarmados, estavam no primeiro subsolo do prédio. Além do flagrante em vídeo, os vestígios do crime foram deixados na sala: o pé de cabra e um fone de ouvido. Sob a porta de aço, ficaram o macaco hidráulico e uma base de madeira. Ontem, o museu ficou fechado. Não há data para reabrir.
Outros casos
No dia 29 de outubro, dois assaltantes vestidos com uniforme de seguranças renderam os vigias e entraram no Masp. O elevador travou, e o bando não conseguiu chegar às salas de exposição.
No carnaval do ano passado, bandidos armados com pistolas e uma granada entraram no Museu Chácara do Céu, no Rio, e levaram quatro quadros de Matisse, Monet, Picasso e Salvador Dalí, avaliados em US$ 50 milhões.