terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Futuro com otimismo


Seguramente, o grande desafio de 2008 e dos próximos anos será na área de gestão
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QUANDO 2007 começou, havia várias expectativas no ar. O governo federal acabara de prometer um pacote para destravar a economia e promover um crescimento de pelo menos 5% ao ano no PIB (Produto Interno Bruto) até 2010. Esperava-se para 2008 um forte aumento dos investimentos públicos em setores básicos, por meio do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Esperavam-se também cortes corajosos nos gastos públicos correntes e redução do custo do dinheiro até para que pudesse haver mais disponibilidade de recursos para investimentos em áreas sociais e da educação.

Essas eram esperanças macroeconômicas para 2008. A estabilidade da economia já não estava mais entre os desejos dos brasileiros nem nos pedidos a Papai Noel. Era uma conquista já consolidada nos anos anteriores, quando o país conseguiu se livrar da hiperinflação. Na área da segurança, setor com importância crescente nas listas de preocupações dos brasileiros, contava-se com uma ação mais decidida do poder público, principalmente dos novos governadores, já que essa questão diz mais respeito aos Estados do que à União.

Embora não pretenda aborrecer o leitor com muitos números neste dia de Natal, a data é boa oportunidade para um ligeiro balanço das realizações das aspirações dos brasileiros no ano que termina. Natal é um dia em que preferimos falar de coisas boas, e há algumas notícias favoráveis no balanço do ano. A taxa de crescimento da economia finalmente atingiu um nível razoável, acima de 5%, surpreendendo os mais céticos; foram criados quase 2 milhões de novos empregos formais, a taxa de desemprego caiu para o nível mais baixo desde 2002 e a renda dos assalariados aumentou; apesar do câmbio totalmente fora de lugar, um dos principais problemas atuais da economia, o comércio exterior deve fechar o ano com um superávit próximo a US$ 39 bilhões.

Na área da segurança, também há boas notícias. Fixou-se uma tendência geral de redução dos índices de criminalidade em praticamente todos os grandes centros, embora o noticiário policial ainda nos assuste com enorme freqüência. Em São Paulo, o número de homicídios deve cair para 15 ou 16 por ano para cada 100 mil habitantes, um índice já próximo daquele aceito como tolerável pela ONU (Organização das Nações Unidas), de 10 assassinatos por ano para cada 100 mil habitantes (tolerável para eles, não para mim).

Seguramente, o grande desafio de 2008 e dos próximos anos será na área de gestão. Não basta conseguir recursos. É preciso utilizá-los com qualidade e agilidade. Os investimentos públicos deste ano, por exemplo, ficaram muito aquém da expectativa. Os cortes de gastos correntes também. Com a rejeição da CPMF, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai ter uma oportunidade única para fazer da redução da carga tributária uma alavanca de crescimento.

O melhor que poderia acontecer para o país, em 2008, seria a confirmação das palavras da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, de que o Brasil deve se transformar em um canteiro de obras. Em contraposição, o pior que poderia acontecer seria prevalecer mais uma vez a atitude retrógrada daqueles que se assustam com crescimento, jogam na retranca e acionam mecanismos de contenção de demanda.
O Brasil não realizou todos os seus sonhos em 2007, naturalmente. Mas realizou alguns e, apesar de todas as frustrações e incertezas, convido o leitor a olhar o futuro com otimismo. Feliz Natal a todos.



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BENJAMIN STEINBRUCH , 54, empresário, é diretor-presidente da Companhia Siderúrgica Nacional, presidente do conselho de administração da empresa e primeiro vice-presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
bvictoria@psi.com.br

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