sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

A popularidade de Lula e a transferência de votos


Os dados da pesquisa Datafolha divulgada no fim de semana não deixam dúvidas. A aprovação do presidente Lula em Minas Gerais está mais próxima do padrão nordestino de aprovação do que do sul do Brasil. O primeiro pensamento que vem à cabeça é: então Aécio Neves é o fiel da balança. Talvez sim, talvez não.

Para que Aécio seja o fiel da balança é preciso que o eleitorado de Minas vote no candidato que o seu governador apoiar. A pergunta-chave é: se Lula estiver bem avaliado em MG e se for lá pedir voto para o seu candidato, o eleitorado votará no candidato de oposição em função de Aécio pedir votos para esse candidato? Ou seja, "aprovo o governo, mas voto no candidato de oposição porque o governador pediu".

Quando analisamos as eleições presidenciais pós-redemocratização, notamos que em vários Estados o governador apoiou o candidato a presidente preferido pelo eleitorado de sua região. Se não adotou essa posição por não ser politicamente viável, omitiu-se na campanha de tal forma a permitir que o candidato a presidente do outro partido pudesse fazer bem a campanha.

O caso clássico da transferência de votos ocorreu em 1989. Quando Brizola apoiou Lula no segundo turno, os eleitorados do Rio e do Rio Grande do Sul passaram a votar em Lula. Poucos se perguntaram se foi isso que ocorreu. Poderíamos imaginar, contra-factualmente, Brizola apoiando Collor. Será que os seguidores de Brizola teriam votado em Collor? Claro que não. Portanto, o que pode ter ocorrido ali foi o inverso: Brizola apoiou Lula porque sabia que seus eleitores iriam votar em Lula.

Isso poderá ocorrer com Aécio em Minas? É difícil dizer. Porém, Aécio é um dos tucanos com mais acesso a Lula. Ao se aproximar do presidente, age de acordo com a pressão de sua base eleitoral. Governador tucano em Estado no qual o governo Lula é bem avaliado tem que cortar um dobrado. É um esforço de equilibrista ser fiel ao partido que é oposição ao Planalto, mas não desagradar ao eleitor, que aprova esse governo.


Outros fatores são importantes nessa disputa. Dentre eles, quem será o candidato do governo? Dilma, Patrus Ananias ou Henrique Meirelles? Como será a campanha de José Serra, o mais provável candidato do PSDB, uma campanha claramente oposicionista ou uma campanha mais conciliatória, que reconheça as virtudes do governo naquilo em que ele é aprovado pelo eleitorado? A novela tem muitos capítulos.

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