terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Eleições do PT devem ser refeitas


O desfecho da troca de acusações que colocou sob suspeita as eleições do Partido dos Trabalhadores (PT) tem tudo para terminar nas urnas. Integrantes do diretório do partido cogitam convocar novo pleito para decidir quem deve assumir a vaga de presidente regional da legenda no Distrito Federal. Por enquanto, permanece no cargo Chico Vigilante, que participou da disputa para tentar a reeleição em dezembro. A reunião que decidirá os rumos do PT local foi adiada para depois do carnaval, entre os dias 10 e 11 de fevereiro. O encontro com a Executiva nacional estava agendado para esta semana.

Chico Vigilante está tão confiante de que vai haver repeteco nas urnas que já se prepara para a campanha. “Vou só esperar o aval do diretório para reativar a minha plataforma”, diz o presidente-candidato. Ele afirma que não vai mudar de estratégia. Até porque avalia que se saiu “muito bem” no primeiro turno das eleições, quando alcançou 43% dos votos. “Não vou alterar nadinha, porque eu fiz tudo certo. Se alguma coisa deu errado é porque houve trapaça”, acusa.

O presidente interino preparou um dossiê onde reúne documentos contra o adversário, Lenildo Moraes e o acusa de ter burlado o segundo turno da votação do PT em quatro cidades: Taguatinga, Ceilândia, Recanto das Emas e Candangolândia. Em um dos casos, Chico Vigilante conta que a assinatura de uma senhora morta há dois anos foi falsificada a favor do candidato vencedor.

Dois integrantes do PT nacional ouvidos pelo Correio afirmaram que a possibilidade de novas eleições no Distrito Federal é real. “Se há um impasse a ponto de ter comprometido a lisura do pleito, o mais natural é que haja uma convocação para novas eleições. Mas uma definição só pode ser anunciada depois da reunião com a nova executiva”, afirmou um dos petistas. E caso haja uma nova disputa, é possível que ela ocorra onde os problemas foram detectados. “Não tem porque repetir todo o processo”, acredita outro integrante do partido.

“Absurdo”
Um apoiador de peso da candidatura de Lenildo Moraes considera “improvável” e “absurda” a hipótese de se reabrir o processo de votação do PT. “É um sonho e uma expectativa do Chico Vigilante. Mas, concretamente, as possibilidades de nova eleição são pequenas e parciais”, acredita. Lenildo está em viagem e não atendeu os telefonemas da reportagem. A volta do candidato está prevista para o final da semana, quando deve se reunir com os colaboradores de campanha para traçar estratégias de defesa e acusação. Lenildo também denuncia Chico Vigilante de ter se beneficiado ilegalmente na disputa. Segundo o candidato, pessoas ligadas à candidatura do concorrente teriam alugado carros para transportar eleitores.

entenda o caso
Denúncias e confusão

Denúncias de fraudes, como transporte de eleitores, falsificações, abuso de poder econômico e até compra de votos, feitas pelos próprios correligionários, impediram a homologação do resultado para seleção do presidente regional no DF e Bahia. Nesses lugares haverá intervenção de uma comissão da executiva nacional. No Ceará e Maranhão também houve reclamações de irregularidades.

No DF, a situação é uma das mais delicadas. Há acusações dos dois lados. Os aliados do ex-deputado distrital Chico Vigilante, que disputou a reeleição, sustentam que existem casos de votos fraudados. A zonal de Candangolândia computou o voto de uma mulher que já morreu. Há situações em que a lista de eleitores continha menos nomes do que os votos depositados.

O candidato adversário, Lenildo Moraes, também reclama que Vigilante contratou frota para transportar eleitores. No primeiro turno, Vigilante teve cerca de 800 votos a mais que Lenildo, chefe de gabinete do deputado Geraldo Magela. Duas semanas depois, o resultado deu vitória a Lenildo.

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