O Conselho de Administração da Petrobras vai aprovar hoje, em reunião na sede da empresa, no Rio, a proposta de compra dos ativos de distribuição da americana Exxon Mobil no Brasil. Um graduado executivo da estatal, que pediu para não ser identificado, confirmou a intenção da companhia pelo controle do conjunto de ativos - que inclui a 5ª maior rede de postos do País. A Petrobras não exclui, porém, a possibilidade de composição com concorrentes, como o grupo Ultra, para compra.
A formação de um consórcio possibilitaria à estatal, de acordo com esse executivo, driblar as prováveis restrições ao negócio pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Responsável por uma participação de 7,2% do mercado brasileiro de combustíveis, por meio da marca Esso, a Exxon pretende se concentrar na exploração e produção de petróleo no Brasil, deixando o mercado brasileiro de distribuição, no qual está há 96 anos. Embora a norte-americana tenha colocado à venda seus ativos de distribuição no continente sul-americano, o executivo da Petrobras revelou que um acordo com a presidente Cristina Kirchner, impede a Petrobras estender a oferta aos postos argentinos.
Caso recorra a uma composição com o grupo Ultra, a Petrobras reeditará a parceria formada em março de 2007 para comprar os ativos do grupo Ipiranga. Na ocasião, Petrobras, Ultra e a petroquímica Braskem, do grupo Odebrecht, formaram um consórcio. Com a divisão, a Petrobras tornou-se detentora de 46,7% do mercado de distribuição de combustíveis do Brasil, consolidando liderança considerada monopolista pela concorrência. O negócio também marcou a entrada do Ultra no segmento, ficando na segunda colocação, com 15,6%.
A primeira opção da estatal é a proposta isolada. Mas, como o processo envolve várias etapas, devido ao número de concorrentes, existe a possibilidade de formação de consórcios, em um segundo momento.
Na lista de interessados na Esso, além da Petrobras e o Ultra, estão as distribuidoras Shell, a brasileira AleSat e o fundo de investimento GP Participações, em parceria com a americana Ashmore. Entre os argentinos estão os empresários Marcelo Mindlim, Enrique Eskenazi – que fizeram uma proposta de compra da antiga YPF para a espanhola Repsol -, Eduardo Eurnekian e Carlos Miguens Bemberg.
Caso adquira a Exxon, a Petrobras deterá uma fatia de 53,9% do mercado brasileiro. Daí o caráter polêmico do negócio, que agregaria um ingrediente a mais na já complicada relação entre a estatal com o Cade, que ainda não julgou em definitivo a compra da Ipiranga. Se tiver que dividir os ativos da Esso com algum outro grupo, a Petrobras poderá optar pelo controle em regiões do País.
A Petrobras não confirma, mas o mercado aposta que na reunião também se consume mudanças na diretoria e no Conselho de Administração, ainda à reboque da escolha do senador Edson Lobão para o cargo de ministro de Minas e Energia, que pleiteia cargos na diretoria da Petrobras. O mais cobiçado é a diretoria Internacional da empresa, hoje ocupada por Nestor Cerveró, que tem no negócio com a Exxon uma carta na manga para sobreviver no cargo