Pedro Baracat Guimarães Pereira disse à polícia que reagiu a uma tentativa de assalto; não foi achada arma com o suposto criminoso
Segundo o boletim de ocorrência, Pereira esperava a abertura do semáforo quando o motociclista anunciou o assalto
O promotor Pedro Baracat Guimarães Pereira, 42, matou o motoqueiro Firmino Barbosa, 30, às 22h30 de sábado em Moema (zona sul de São Paulo). À polícia ele alegou que reagiu a uma tentativa de assalto. Amigos e parentes negam que Barbosa fosse criminoso. Segundo o "Fantástico", da TV Globo, porém, duas pessoas o reconheceram como autor de outros assaltos ontem à noite.
Peritos do IML (Instituto Médico Legal) dizem que o motociclista levou 11 tiros. A polícia não revela qual a arma utilizada pelo promotor, não confirma o número de tiros disparados nem se o acusado tinha ficha policial. A mulher dele está grávida de oito meses.
A Folha apurou que a arma do promotor seria uma pistola 9 milímetros, de uso restrito das Forças Armadas, e que o suposto assaltante não teria antecedente criminal.
O promotor não foi localizado ontem -recados foram deixados em seu telefone celular pela reportagem.
De acordo com a Secretaria da Segurança Pública, após ter matado Barbosa, o promotor saiu do local (à polícia, declarou ter medo da reação de eventuais comparsas), avisou a Polícia Militar pelo telefone do ocorrido e se dirigiu ao Deic (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado), onde foi ouvido e liberado.
Segundo o boletim de ocorrência, Pereira aguardava em seu carro, um Honda Civic, a abertura do semáforo na avenida República do Líbano, ao lado do parque Ibirapuera, quando Barbosa chegou em uma moto com placa apagada e anunciou o assalto.
Barbosa, sempre na versão do promotor que consta do boletim de ocorrência, teria pedido o relógio de Pereira e levado a mão à cintura como se fosse sacar uma arma.
O promotor, então, teria pego sua própria pistola e atirado. Não foi encontrada nenhuma arma com o motociclista.
Já no Deic, segundo a secretaria, o promotor teria ficado sabendo que o motociclista foi socorrido policiais, mas morreu no hospital.
Com Barbosa, a polícia declara ter encontrado cinco relógios -cujos modelos não foram divulgados. A moto dele e a arma do promotor também foram apreendidas.
Segundo a polícia, duas testemunhas confirmaram a versão do promotor. Seriam moradores da região, mas os seus nomes não foram divulgados.
A polícia não investigará o caso, diz a Secretaria da Segurança Pública, pois cabe ao Ministério Público apurar casos que envolvam promotores. O caso foi encaminhado ao procurador-geral de Justiça, Rodrigo César de Rebello Pinho.
Pereira é membro do Grupo de Atuação Especial de Controle Externo da Atividade Policial e assinou uma denúncia contra Pinho encaminhada ao Conselho Nacional do Ministério Público acusando-o de favorecer o governo José Serra (PSDB) em investigações.
Foi também um dos autores da denúncia contra 25 pessoas que seriam responsáveis pelos ataques do PCC em 2006.