Potenciais candidatos à Presidência, os governadores de São Paulo, José Serra, e de Minas Gerais, Aécio Neves, selaram um pacto de não interferência na sucessão municipal. Num jantar que invadiu a madrugada de ontem, os dois acertaram que não vão interferir na decisão que o PSDB tomar nas disputas pelas prefeituras das capitais paulista e mineira.
Embora já tenha defendido publicamente a candidatura do ex-governador Geraldo Alckmin à Prefeitura de São Paulo, Aécio disse que respeitará a decisão do PSDB no município.
"Certamente, será em São Paulo que as decisões serão tomadas em relação à candidatura do partido ou alianças. Devemos respeitar a decisão que vier a ser tomada pela instância paulista, da mesma forma que os nossos companheiros de outros Estados respeitarão a decisão que vier a ser tomada em Belo Horizonte", disse Aécio.
Na conversa, Serra defendeu o lançamento de um candidato único à Prefeitura de São Paulo, seja ele Geraldo Alckmin ou o atual prefeito, Gilberto Kassab (DEM). Apesar de sua evidente torcida por Kassab, Serra teria afirmado que não faz restrições à candidatura de Alckmin.
Risco
Além de temer o constrangimento ao longo da campanha, Serra teria descrito a dissolução da aliança PSDB-DEM como um risco à administração. Segundo as contas de Serra, os tucanos ocupam 80% da prefeitura e teriam de deixar os cargos em caso de ruptura.
Serra teria relatado a Aécio o mal-estar entre os vereadores, alguns deles dispostos a declarar apoio a Kassab. Da mesma forma, Aécio justificou a costura de uma aliança com o PT em Minas. Segundo Aécio, a articulação desagradaria mais aos petistas que aos tucanos. Na capital, Eduardo Azeredo seria o nome mais forte para a disputa.
"Deu para entender melhor o que está acontecendo em Minas", afirmou Serra, sem demonstrar incômodo com a possível aliança PSDB-PT: "A eleição municipal tem dinâmica própria. Há gente que atribui à eleição municipal um caráter nacional que ela não tem. Alguma coisa tem. Mas não é tanto quanto se imagina. Há uma realidade local que pesa muito".
Os dois se comprometeram a deixar a corrida presidencial para o ano que vem. Reclamando do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Aécio mostrou uma pesquisa segundo a qual 86% dos mineiros querem que concorra à Presidência em 2010. Aécio argumentou que não tem outra alternativa a não ser corresponder à expectativa de seu eleitorado, lançando-se na disputa presidencial.
O governador de Minas disse que, mais tarde, poderia até desistir da corrida presidencial. Mas não admitiria ser atropelado. Ele se referia às declarações de Fernando Henrique favoráveis à candidatura de Serra em 2010: "Não é hora de antecipar o calendário eleitoral".
Serra declarou que, com sua grande exposição, é inevitável que FHC acabe falando demais nas entrevistas que concede.