quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

No escurinho do senado


Edison Lobão Filho (DEM-MA) assumiu o cargo de senador sem apresentar documentos comprovando que não usou uma empregada doméstica como laranja para fugir de dívidas com impostos e o Banco do Nordeste. Lobão Filho assumiu a vaga do pai, Edison Lobão (PMDB-MA), nomeado ministro de Minas e Energia.

Lobão Filho disse que antes de tomar posse apresentaria os documentos: "Quero assumir limpo". Ele assumiu o cargo por volta das 17h no gabinete do presidente do Senado, Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), na presença do líder do PTB na Casa, Epitácio Cafeteira (MA).

A posse ocorreu no gabinete de Garibaldi porque o Senado está em recesso -normalmente, os senadores assumem seus mandatos em sessões da Casa.
Vinte minutos antes da posse, faltou energia e as luzes ficaram apagadas no gabinete de Garibaldi e em metade da sala de audiências. Quando Lobão Filho chegou não havia luz. Segundo servidores do Senado, houve uma sobrecarga de energia que gerou uma pane elétrica em parte do gabinete.

Embora tenha tomado posse como senador do DEM, Lobão Filho anunciou que sairá do partido. Ele disse que recebeu convites para se filiar ao PR, PTB e PMDB, mas que ainda não se decidiu. Pelo PTB, foi Cafeteira quem fez o convite.
Já pelo PMDB, a oferta partiu "do senador José Sarney e de outros dois senadores". Mas há resistências dentro do partido. Há cerca de um mês, a senadora Roseana Sarney prometeu que Lobão Filho se licenciaria para que o segundo suplente, Remi Ribeiro (PMDB-MA), ficasse com a vaga. Antes de assumir a pasta de Minas e Energia, Edison Lobão também chegou a declarar que seu filho não exerceria o mandato, abrindo espaço para Ribeiro.

Ontem, integrantes da bancada mostraram preocupação com a posse repentina de Lobão Filho. Alguns senadores temem que o ingresso dele no partido desgaste o partido.
Há duas semanas, surgiu a acusação de que Lobão Filho transferiu em 1998 ações de sua empresa, a Bemar Distribuidora de Bebidas, para uma empregada doméstica. Ela disse que não sabia da transferência. Segundo laudo da Polícia Federal, a empregada teve assinatura falsificada. A Bemar deve R$ 5,5 milhões ao Banco do Nordeste, por empréstimo tomado em 1997, quando Lobão Filho era sócio da empresa.

Lobão Filho disse que a responsabilidade pela transferência das ações para a empregada doméstica foi de "seu verdadeiro sócio" na Bemar, o empresário Marco Antonio Pires Costa. O empresário confirmou a versão do senador.
Segundo Lobão Filho, Costa assinou documento assumindo a responsabilidade pela fraude e pelas dívidas da Bemar. Esse documento, com a confissão de Costa, e mais certidões, comprovando o funcionamento legal da empresa, seriam apresentados antes da posse.

"Eu fiquei de apresentar os documentos primeiro ao meu partido. Só que o [presidente] do meu partido, deputado Rodrigo Maia, não está aqui e o senador José Agripino, também não. Vou aguardar a volta deles e vou apresentar os devidos esclarecimentos. Ao Senado, vou apresentar depois de apresentar ao meu partido", afirmou.

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