sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

PSDB quer declarações de Dirceu na denúncia


A entrevista do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu à revista Piauí pode ser usada pelo Ministério Público como argumento para fortalecer a denúncia do mensalão. Os líderes do PSDB na Câmara, Antônio Carlos Pannunzio (SP), e no Senado, Artur Virgílio (AM), protocolaram ontem na Procuradoria Geral da República pedido de inclusão da reportagem no processo em tramitação no Supremo Tribunal Federal (STF) em que Dirceu responde por formação de quadrilha e corrupção ativa. A avaliação do PSDB é de que declarações do petista reforçam a acusação de que ele sabia das operações suspeitas do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e ainda chefia o suposto esquema.

Num dos trechos considerados mais controversos, Dirceu fala que a sede do PT em Porto Alegre foi construída com recursos de caixa 2, “em malas de dinheiro”, quando a legenda era comandada no Rio Grande do Sul por integrantes da esquerda petista. Mesmo assim, ele teria sido solidário aos colegas de partido quando houve denúncias sobre o assunto. O ex-ministro reclama de que não teve de seus correligionários, adversários internos, a mesma solidariedade no momento em que foi alvo da grave crise política do mensalão e acabou perdendo o mandato de deputado federal. Em nota, Dirceu disse na semana passada que não falava com conhecimento de causa e se referia a denúncias feitas por adversários do PT no Rio Grande do Sul.

Na reportagem, Dirceu também fala pela primeira vez publicamente sobre a atuação de Delúbio, um dos 40 réus da ação penal do mensalão. “Esse pessoal (a esquerda do PT) é assim: chegava para o Delúbio e falava: ‘Delúbio preciso de um milhão’. Como é que alguém vai arrumar esse dinheiro assim de uma hora para a outra?”, questionou o ex-ministro. “O pobre do Delúbio tinha de ir aos empresários conseguir doações. Aí estoura o mensalão e esse pessoal vem dizer que o Delúbio era o homem da mala. O que não dizem é que a mala era para eles”, afirmou.

Arthur Virgílio também defende a instalação de uma CPI no Senado para apurar o suposto uso de caixa 2 do PT no Rio Grande do Sul. Ele diz que vai começar a recolher as 27 assinaturas necessárias, sob argumento de que há fatos novos que justifiquem uma nova apuração no Congresso sobre as operações de Delúbio.

6.710 fios implantados
O ex-ministro da Casa Civil e deputado federal cassado, José Dirceu, teve 6.710 fios de cabelos retirados da nuca e implantados na parte superior da cabeça em uma cirurgia chamada microtransplante de unidades foliculares, no Hospital Memorial do Recife, realizada ontem pelo cirurgião plástico Fernando Basto.

De acordo com o médico, ele poderia deixar o hospital ainda na noite de ontem. Segundo Basto, que já realizou mais de 3200 cirurgias semelhantes, José Dirceu o procurou por indicação do ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, que se submeteu ao processo há cerca de um ano.

José Dirceu foi internado às 6h. Às 11h30 teve início a cirurgia que durou cinco horas e meia, tempo que ele passou sedado e com anestesia local. Nove pessoas integraram a equipe de Fernando Basto. Ele classifica o trabalho de “artesanal”, com uso de microscópio tridimensional, bisturi microcirúrgico e lente de aumento.

O médico antecipou que os fios implantados não irão cobrir toda a área superior da cabeça. “Mas deverá agradar", adiantou. Ele contou que há um mês vem fazendo exames no deputado cassado, que também lhe expressou a vontade de corrigir uma cicatriz de 2,5 centímetros na parte superior do couro cabeludo.

O especialista em implante capilar explicou que somente as raízes dos fios retirados da nuca são implantadas. “Daqui a quatro meses começam a nascer”, disse. A partir daí, os novos fios de cabelo vão sendo cortados e, nove meses depois da cirurgia, tem-se o resultado final.

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