O tempo não fechou ontem apenas com a forte chuva que ocorreu em São Paulo. Ele ficou bastante feio também no mercado financeiro com uma saraivada de indicadores e notícias negativas dos EUA. No Brasil, o Índice Bovespa não resistiu e caiu 3,67%, fechando aos 59.907 pontos, a menor pontuação desde 17 de dezembro de 2007, quando encerrou o dia aos 59. 828 pontos. Em termos percentuais, é a maior queda também desde o dia 17, quando recuou 4,19%. Todas as ações que fazem parte do Ibovespa fecharam em queda.
Ibovespa cai 3,67% e volta aos 59 mil pontos
Algumas informações vindas dos EUA pesaram mais do que outras, tanto pela importância, quanto pelo tom ruim delas. A começar pelo índice de vendas no varejo, que caiu 0,4% em dezembro do ano passado ante dezembro de 2006, enquanto os analistas esperavam estabilidade. Já as vendas no varejo em novembro, que haviam apresentado alta de 1,2% ante o mesmo período de 2006, foram revisadas para 1%. Os balanços negativos de grandes bancos ajudaram ainda mais a azedar o humor. O Citigroup teve um prejuízo de US$ 9,83 bilhões no quarto trimestre de 2007 para um lucro de US$ 5,1 bilhões no mesmo período de 2006.
Para fechar esse cenário, o ex-presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Alan Greenspan, que apesar de ser "ex" continua a ser ouvido como se fosse o atual presidente da instituição, disse que a economia já está em recessão ou quase lá. Segundo ele, as recessões não acontecem suavemente e o sinal de que uma recessão irá ocorrer é a "descontinuidade nos mercados e os dados das últimas semanas podem ser muito bem caracterizados dessa maneira", disse.
O que menos pesou na queda de ontem das bolsas foi o índice de preços ao produtor americano (PPI, na sigla em inglês) de dezembro, que caiu 0,1%, enquanto o núcleo do índice, excluindo alimentos e energia, subiu 0,2% - em linha com as expectativas da maior parte dos analistas. "O Fed está mais preocupado com a economia do que com a inflação, portanto, com esses números tão ruins apontando para uma recessão, o BC americano pode ser levado a cortar os juros em meio ponto percentual, quem sabe, até numa reunião extraordinária antes da que está marcada para o dia 30 deste mês", diz o gestor da Infinity Asset, George Sanders