A forte valorização do real frente ao dólar não comprometeu o desempenho da balança comercial do agronegócio no ano passado. O saldo em 2007 chegou a históricos US$ 49,7 bilhões, 16,3% maior do que em 2006 (US$ 42,7 bilhões). O crescimento foi impulsionado principalmente pelo boom das exportações, que atingiram US$ 58,4 bilhões — 18,2% a mais do que em 2006 (US$ 49,4 bilhões). Com os preços internacionais da soja e do complexo carnes (bovina, suína e de frango) nas alturas, a tendência é que o resultado do comércio exterior de produtos agropecuários em 2008 seja ainda melhor.
No topo da lista dos produtos mais vendidos está o complexo soja, com US$ 11,3 bilhões exportados. As carnes aparecem logo em seguida, com US$ 11,2 bilhões. “Possivelmente, este ano, as carnes vão ultrapassar a soja”, disse o ministro Reinhold Stephanes. De acordo com o Ministério da Agricultura, as carnes do Brasil ganharam espaço devido à forte demanda da Ásia e do Oriente Médio. Por causa da estabilidade dos preços, etanol e açúcar perderam fôlego em relação a 2006 e registraram queda de cerca de US$ 1,2 bilhão em valores negociados.
Do total exportado pelo Brasil, 35,8% embarcaram para a União Européia (27 países), que é o maior comprador de produtos agropecuários nacionais: os europeus desembolsaram US$ 20,8 bilhões para adquirir mercadorias — 31,1% mais do que em 2006 (US$ 15,9 bilhões). Levando-se em conta apenas países, os Estados Unidos lideraram como principal destino individual de itens brasileiros, com US$ 6,4 bilhões em compras em 2007. Atrás dos americanos ficaram os Países Baixos (US$ 5,4 bilhões), a China (US$ 4,6 bilhões) e a Rússia (US$ 3,3 bilhões).
O ministro Reinhold Stephanes projetou novos recordes para este ano. “Vamos ultrapassar os US$ 55 bilhões ou chegar aos US$ 60 bilhões de saldo comercial”, afirmou. Stephanes advertiu que o aumento da produção agropecuária brasileira não depende da exploração de novas áreas ou da derrubada de árvores. Segundo ele, as terras disponíveis são suficientes para incrementar a produtividade em quase todos os setores. Stephanes lembrou, no entanto, que o governo terá de implementar medidas mais agressivas para impulsionar o agronegócio e estimular a recuperação de áreas degradadas.