Corrupção, apagão e ocupação sãos os três vilões que ameaçam turvar a fábula de Edison Lobão (PMDB-MA) à frente do Ministério de Minas e Energia, cargo do qual tomou posse, ontem, no Palácio do Planalto. O primeiro e maior problema são as denúncias de corrupção envolvendo seu filho Edison Lobão Filho (DEM-MA), que é também seu suplente no Senado e filiado à oposição. Lobão Filho é acusado de ser sócio oculto de uma empresa que deve mais de R$ 42 milhões ao fisco. Para se esquivar da dívida, suspeita-se que nomeou um laranha para administrar a empresa. É praticamente impossível que a sucessão de denúncias não contamine o trabalho do ministro à frente da pasta.
O segundo problema tem proporções mais graves e duradouras. O risco de apagão ou racionamento é levantado por vários especialistas e não deve ser minimizado, mesmo que as chuvas encharquem os reservatórios. Além das chuvas, os riscos de corte de fornecimento de energia estão atrelados diretamente ao crescimento econômico de 2008. Crescimento do PIB acima de 5% já representará riscos no abastecimento. O que tragicamente poderá ajudar Lobão e Lula é a iminente recessão americana que debilitará as economias mundiais, reduzindo as expectativas de crescimento.
Problema de magnitude idêntica é a nossa conhecida e doméstica ocupação de cargos. O PMDB, ao negociar a volta de Minas e Energia, exigiu porteira fechada, com liberdade para indicar, sobretudo os presidentes das poderosas Eletrobrás e Eletronorte, que têm promessas de robustos investimentos este ano. Ambas são tocadas hoje por pessoas de confiança da ministra Dilma Rousseff (PT-RS), que não admite abrir espaços. José Sarney cobiça para seu grupo a Eletrobrás, e o grupo do deputado Jader Barbalho diz que a presidência da Eletronorte será de sua indicação. A ocorrência de um curto-circuito nessas indicações é praticamente certa.