O PMDB ganhou a queda de braço com o PT e vai ficar com a Diretoria Internacional da Petrobras. Os pemedebistas vão emplacar, com autorização expressa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o nome do atual gerente geral de engenharia da estatal, Jorge Zelada, indicado pela bancada mineira do partido na Câmara. Zelada vai entrar no lugar do atual diretor, Nestor Cerveró, afilhado político do senador Delcídio Amaral (PT-MS). Delcídio foi a Dilma na semana passada, pressionar por seu afilhado. Em vão. "O Delcídio já teve esse cargo por quatro anos", confirmou um ministro.
Há duas semanas, quando formalizou o nome de Edison Lobão para o Ministério das Minas e Energia, o PMDB levou também o nome de Zelada para a diretoria da Petrobras. Lula disse que só escolheria o titular da Pasta, repassando as demais negociações para o coordenador político José Múcio Monteiro. Temendo perder seu espaço político, Delcídio disse a Dilma que a área ocupada pelo seu apadrinhado era estratégica e que um apagão poderia prejudicar as pretensões da ministra à sucessão presidencial. Ainda assim, Lula optou pelo PMDB. "Dilma é 100% fiel ao presidente", completou um ministro palaciano, encerrando a polêmica com Delcídio.
Antes da posse, na segunda-feira, de Lobão como ministro de Minas e Energia, Múcio reuniu-se com a cúpula do PMDB, que foi ao Planalto levar "um caderno de pedidos" de indicações de cargos. O próprio Jucá tenta emplacar sua esposa, Tereza, para um cargo público federal. "Vou pegar esses pedidos e confrontar com as demandas do PT para fazer essa composição", prometeu Múcio.
O critério de nomeação até o momento, de fato, vem mostrando que a estratégia é alternar as duas legendas no setor, para que não haja brigas. O governo vai nomear o petista Jorge Boeira como presidente da Eletrosul. Indicado pela senadora Ideli Salvatti (PT-SC), o acerto com os pemedebistas foi um reconhecimento à destacada atuação da senadora na defesa do ex-presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
Ainda existem vários cargos em aberto. A presidência da Eletronorte, atualmente ocupada por Carlos Nascimento, pode ficar com Lívio de Assis, indicado por Jader Barbalho (PMDB-PR). É a terceira indicação de Barbalho, que já havia apresentado os nomes do ex-senador Luiz Otávio e de o ex-deputado José Priante. Para a Eletrobrás, a tendência atual é que Astrogildo Quental (que era da Eletronorte e foi cotado para presidir a empresa) seja indicado para a diretoria financeira. Flávio Decatt, presidente da Eletronuclear, simpático ao PMDB e com o apoio de Dilma, deve ser confirmado presidente. "Estou esperando o Lobão se assentar na cadeira para negociar isso tudo", brincou Múcio.
O ministro acha que não haverá qualquer incompatibilidade entre Lobão e Dilma. "Lobão é político, experiente, maduro. Sabe que não vale a pena brigar com a Dilma, a composição será toda negociada". Dilma foi a primeira ministra de Minas e Energia do governo Lula. Quando foi para a Casa Civil, em 2005, a Pasta foi ocupada por Silas Rondeau, indicado por Sarney mas que, rapidamente, aliou-se à ministra.
Com a queda de Silas, Nelson Hubner (que foi chefe de gabinete do MME quando Dilma era ministra e secretário-executivo de Silas) assumiu como interino. "Na prática, a ministra era a Dilma, todo mundo sabe disso", confirmou um ministro palaciano. Para agradar os pemedebistas e Dilma, Lobão indicou como secretário-executivo Márcio Zimmermann. Dilma gosta dele e o PMDB chegou a sugerir seu nome para o lugar de Rondeau, em abril do ano passado.
Prevendo problemas futuros diante da possibilidade das saídas de Marta Suplicy (Turismo) e Luiz Marinho (Previdência) para disputar as prefeituras de São Paulo e São Bernardo do Campo, respectivamente, Múcio já avisou aos aliados: "essas são vagas do PT, não adianta os demais partidos se animarem".